Luanda - Domingo, 6 de Julho de 2008 - 15:39 ANGOLA | ANGOP | PESQUISA | FALE CONNOSCO   
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Secretariado da SADC em Gaborone, Botswana
Os desafios da integração regional

A cimeira dos Chefes de Estado e de Governo da SADC, que se realiza de 2 a 3 de Outubro, em Luanda, assume particular importância para a organização, por ocorrer numa altura em que Angola alcançou a paz.

O contributo de Angola, mesmo em tempo de guerra, para a criação da SADC, bem como as suas imensas potencialidades económicas, conferem tal importância, pelos vastos benefícios - para a região e seus povos - que poderão advir daí no âmbito do fortalecimento da organização.

Em Abril de 1980, quando os Chefes de Estado e de Governo da então Linha da Frente conjugaram esforços para a criação da SADCC, que antecedeu a SADC, o propósito essencial que animava Angola era de natureza política, baseado no apoio directo que o governo angolano concedia aos povos namibiano (através da SWAPO) e sul-africano (por via do ANC) nas suas lutas contra o colonialismo e o Apartheid.

Na altura, o Apartheid, particularmente para os povos da região austral do continente africano, afigurava-se como o principal inimigo pela sua imposição rácica e subjugação, que submetia fundamentalmente os países como a Zâmbia, Botswana e o Zimbabwe.

É neste contexto de luta contra a dominação rácica que Angola inscreveu a sua página de bravura e em cujo ambiente de destruição e violência contra o seu território nacional, emergiu a iniciativa de criação da SADCC, uma estrutura regional que se propôs a congregar acções de desenvolvimento e cooperação internacional, visando a sua libertação económica, promover a cooperação regional com vista a redução da dependência económica da racista África do sul e resolver pacificamente os conflitos.

Doze anos depois, influenciados pelas alterações políticas ocorridas regionalmente (independência da Namíbia e fim do Apartheid na África do sul) e internacionalmente (perestroika), com profundas implicações nas relações económicas mundiais, os Chefes de Estado reunidos em Windhoek adoptaram uma Declaração e um Tratado que criou a SADC, com vista a uma verdadeira integração regional.

Tal esforço, segundo defendem alguns especialistas, passa, necessariamente, pela "criação e manutenção de condições de estabilidade política, social e económica, reabilitação e modernização de infra-estruturas económicas e equipamento colectivos, disponibilização de uma rede de telecomunicações que encurte o tempo de decisão e facilite o relacionamento com os grandes centros financeiros mundiais, estruturação de um sistema bancário e financeiro eficiente, bem como pela valorização dos recursos humanos de cada um dos catorze estados membros".

Trata-se, com efeito, de um objectivo bastante ambicioso, mas possível se as suas lideranças souberem entre outras atitudes capitalizar o potencial humano existente no espaço geográfico que constitui a SADC (pouco mais de 140 milhões de habitantes num território de cerca de oito milhões de quilómetros quadrados, com uma extensa orla marítima do Atlântico ao Índico), as suas capacidades energéticas e a quantidade variada de recursos minerais, gerando riqueza e bem estar social internamente e através do reforço das relações económicas, do incremento das trocas comerciais e a intensificação dos investimentos inter-estados.

Nesta cimeira de Luanda, Angola vai assumir, por um ano, a presidência rotativa da SADC num momento crucial da sua história. Com o fim da guerra muitos desafios se levantam. A prioridade vai para a resolução dos seus graves problemas económicos internos com vista a estabilização da economia, criando uma base produtiva forte e minimamente competitiva.

Um dos pressupostos básicos para a resolução daqueles problemas, a pacificação completa do País, já foi alcançado. Todavia, falta para resolver o problema da reconciliação nacional efectiva - que segundo se defende implica uma "erradicação da pobreza e dos fenómenos de exclusão social, bem como uma diminuição acentuada do desemprego - cujos factores são importantes para permitir o aproveitamento das suas enormes potencialidades, capazes transformar Angola numa das grandes economias da SADC.

Sob o ponto de vista estrutural, passos importantes foram já dados e, neste momento, alguns sinais são indicativos do bom desempenho que a economia angolana poderá conhecer num curto espaço de tempo. Ao assumir a presidência da SADC, boa oportunidade se abre para Angola poder despir-se da timidez patenteada pelos condicionalismos do passado e, pela experiência acumulada, ostentar uma postura dinâmica e activa no seio da Organização, susceptível de abrir-lhe caminho para a sua real integração e colher dividendos no futuro.

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