Zaire: CICIBA apoia classificação de Mbanza Kongo como património da humanidade
Mbanza Kongo, 21/09 - A inscrição de Mbanza Kongo e
consequentemente a sua classificação como património cultural da
humanidade conta com o total apoio do Centro de Investigação das
Civilizações Bantu (CICIBA), segundo deu a conhecer hoje, na capital da
província do Zaire, o ex-director-geral da instituição, Vatomene Kukanda.
Em entrevista à Angop, à margem da Mesa redonda Internacional sobre
Mbanza Kongo, o actual director-geral do Instituto de Línguas Nacionais
garantiu que o Governo angolano poderá contar com a ajuda do CICIBA
nesta empreitada virada a convencer a Organização das Nações Unidas
para a Ciência, Educação e Cultura (UNESCO) a catalogar Mbanza Kongo
como um património da humanidade.
“Mbanza Kongo não faz parte simplesmente de Angola, é uma região que
capitaliza a atenção de uma zona africana que inclui também o Gabão, a
RDCongo e o Congo Brazzaville. De certeza absoluta que os responsáveis
destes países não vão querer deixar passar esta oportunidade de ver parte
da sua história protegida por instituições mundiais”- frisou o entrevistado.
Após a realização da mesa redonda, adianta a fonte, existem condições
para que o Governo angolano possa levar em diante, de forma sólida, o
projecto de qualificação de Mbanza Kongo como um património que diz
respeito ao mundo todo.
Para tal, Vatomene Kukanda pediu particular atenção ao património
imaterial, tendo em conta a sua importância para a região Kongo, em
particular, e em geral, para o povo angolano.
“Temos o património material localizado e em bom estado de conservação,
agora é necessário que se preste maior atenção ao património imaterial, uma
peça importante na classificação de Mbanza Kongo como património
cultural do mundo”- disse.
Para a classificação de Mbanza Kongo como património cultural da
humanidade, o Estado angolano deverá apresentar, a Unesco, provas de
que a mesma é testemunho de um intercâmbio de influências considerável,
durante um dado período ou numa determinada área cultural, sobre o
desenvolvimento da arquitectura ou da tecnologia, das artes monumentais,
do planeamento urbano ou a criação de paisagens.
Estar directa ou materialmente associado a acontecimentos ou tradições
vivas, ideias, crenças ou obras artísticas e literárias de significado universal
excepcional, e ser um exemplo eminente de implementação humana, da
utilização tradicional do território, que seja representativo de uma cultura
constam, entre outros, na lista de critérios levados em conta pela Unesco.
A mesa redonda encerra na tarde de hoje, três dias depois da sua abertura,
com a apresentação das recomendações finais, intervenções das
autoridades tradicionais e o discurso de encerramento do governador
provincial, Pedro Sebastião.
Sob o lema "M’banza Kongo cidade a desenterrar para preservar”, o
evento insere-se no projecto do professor universitário Emmanuel Esteves e
consiste em descobrir vestígios da ocupação deste espaço, assim como a
tradicional árvore de força denominada "Yala Nkuwu".
Com a participação de 30 especialistas, entre nacionais e internacionais, o
certame, uma iniciativa do Ministério da Cultura, visa a recolha de
contribuições para o reconhecimento, pela Unesco, de Mbanza Kongo
como património cultural da humanidade.
Valorizar o património histórico-cultural desta cidade, no intuito de tornar a
província um sítio turístico, e recolher contribuições para o enriquecimento
da história de formação do Reino do Kongo são também objectivos da
reunião.
A criação de um Centro de Estudo da área cultural kikongo, na cidade de
Mbanza Kongo, o melhoramento e apetrechamento do actual Museu dos
Reis do Kongo, a preservação e perpetuação deste património para as
gerações vindouras são igualmente propósitos do projecto.
Para a concretização do projecto, o Ministério da Cultura convidou peritos
ligados à vários domínios de estudos da área cultural kongo, hoje repartida
entre Angola, Congo Brazaville, República Democrático do Congo e
Gabão.
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