Kwanza Norte: Revoltas anti-colonial dos angolanos confluem no 04 de Fevereiro
Ndalatando, 02/02 - O historiador e professor universitário Cornélio Calei disse hoje, em Ndalatando, que o conjunto de revoltas empreendidas pelos angolanos no quadro da resistência antí-colonial confluem no 4 de Fevereiro de 1961 e encontram nessa data o seu significado patriótico.
O também sociólogo e homem de letras, avançou tal raciocínio ao abordar a "Importância histórica do 4 de Fevereiro", durante uma palestra que no Kwanza Norte
marcou a abertura dos festejos do quadragésimo sexto aniversário do Início da Luta
Armada de Independência Nacional.
Durante a dissertação, que cativou a atenção de mais de 600 pessoas no Cine Ndalatando, Cornélio Calei salientou que sem a acção do 4 de Fevereiro a Independência de Angola seria mais tardia e, sobretudo, não seria aquela independência total de que hoje se usufrui.
Desde a data do 4 de Fevereiro de 1961, Angola deixou de ser a mesma, "porque
caiu por terra a teoria do luso-tropicalismo" que dizia que os portugueses estavam
a construir sociedades especiais nos territórios que ocupavam, fazendo entender
que aí não havia racismo e que havia igualdade de direitos entre as diferentes
raças.
O 4 de Fevereiro veio desmentir tal teoria, lembrou, pontualizando que a partir
daquela data, no interior do país, os funcionários negros passaram a ser vigiados.
O palestrante defendeu a necessidade de os estudiosos e os investigadores
trabalharem mais no sentido de se apurar quantos angolanos foram mortos, quantos
desapareceram e quantas famílias ficaram órfãs, como reflexo dos acontecimentos
do 4 de Fevereiro.
Para o académico, com o 4 de Fevereiro edificou-se, definitivamente, a barreira de luta entre duas frentes: a dos oprimidos, que lutavam pela liberdade e a dos opressores, que eram os colonos e os seus correligionários.
Durante a palestra, em que se destacou a presença do governador do Kwanza Norte, Henrique André Júnior, o prelector referiu que o 4 de Fevereiro colocou Angola numa ordem social, política e económica diferente, obrigou o sistema colonial a rever a sua legislação em relação aos angolanos, aboliu o indigenato e o funcionário negro passou a usufruir de algumas regalias, entre outras reformas.
"Eles (colonialistas), tentaram fazer tudo isso para combater aquilo a que chamavam a rede terrorista", lembrou, sentenciando que todas aquelas políticas actuaram como faca de dois gumes, pois à medida que prendiam os "terroristas", mais terroristas apareciam.
Durante o encontro, em que abordou os acontecimentos históricos que conduziram
os angolanos ao 4 de Fevereiro de 1961, e os desenvolvimentos do "pós 04 de
Fevereiro", o orador procurou apresentar uma visão política a partir dos factos
históricos de Angola.
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