Futebol/Mundial: O mesmo ´´filme´´, mas com adversário diferente
Celle, 19/06 (Dos enviados especiais) - Se tudo depender dos deuses angolanos, os Palancas Negras estarão nos oitavos-de-finais se vencerem o Irão, pois há dois anos o "onze" nacional era considerado "observador" nas eliminatórias de acesso ao Mundial2006 e já no torneio tido como a mais fraca: a realidade foi outra.
A mesma "estória" das eliminatórias parece repetir-se, embora neste
caso os angolanos estejam a depender de terceiros à entrada da
última jornada. Ainda assim, o filme pode ser revisto, recorrendo-se ao
Campeonato Africano das Nações (CAN), disputado em Janeiro, no
Egipto, em que os pupilos de Oliveira Gonçalves chegaram na
derradeira ronda com hipóteses de passar para a fase seguinte.
Num cenário diferente, os Palancas Negras precisam marcar golos e
esperar pela vitória dos portugueses, líderes do Grupo D (seis pontos),
sobre os mexicanos, segundos com quatro, pelo que a tarefa não se
afigura nada fácil, a julgar pela inofensividade do sector atacante.
Irão não é Togo, porém pode ser ultrapassado com a mesma força e
perspicácia.
Paradoxal ou não, Oliveira Gonçalves terá de rever algumas questões
para tentar mudar o quadro. Angola nada tem a perder, tal como
reconheceu o "pensador" do jogo da equipa nacional (Figueiredo), por
isso anseia-se por uma postura melhor que a revelada frente ao México,
apesar de ter sido a mais dignificante possível.
O Irão é uma selecção forte, mas não intransponível. Está melhor
posicionado no Ranking da FIFA (23º) em relação a Angola (58º) e já
vai na segunda presença em fases finais de mundiais. Em ambas
participações obteve uma vitória e outro empate, quatro derrotas. Na
presente edição, foi batido pelo México por 1-3 e Portugal (0-2).
Tal como o técnico angolano, Branko Ivankovic quer despedir-se da
competição com vitória, facto que deverá proporcionar um futebol
aberto e propenso a muitos golos, devido à tendência ofensiva dos
contendores.
De um lado está uma equipa africana, que se estreia na prova e tem
ambições de atingir a outra fase - o que seria mais uma marca a
registar - e do outro o conjunto asiático, que não quer sair do evento
sem qualquer ponto.
Matematicamente, os iranianos estão sem hipóteses de passar,
enquanto os angolanos têm uma possibilidade. Para isso, será
necessário um triunfo por mais de dois golos e aguardar pelo
resultado do México ante a Portugal.
Um empate dos Palancas Negras em nada ajudará nas contas finais, embora seja sempre, para quem se estreia, dignificante somar dois pontos e chegar a última ronda com chances de surpreender o mundo, mesmo com um plantel limitado onde alinham jogadores de ligas
inferiores da Europa, Àsia e campeonato interno.
Todos estão ansiosos que o filme de 08 de Outubro, no Rwanda, se
repita. Angola, considerada uma das mais modestas do Grupo 4, na
ùltima jornada, conseguiu com sofrimento e esperança o apuramento
inédito ao Mundial. E, agora, mais uma vez, desta na Alemanha, o
povo acredita na bravura dos seus Palancas de que a missão pode ser
possível.
Os críticos questionam-se: porquê que a selecção de Angola, menosprezada antes, complica a tarefa dos chamados fortes e arrasta para o fim a decisão do seu apuramento?
Na resposta, cada um busca os ingredientes para completar o "puzzle", baralhado pelo "mágico"
Oliveira Gonçalves que, sem condições comparáveis aos colossos
continentais e mundiais, consegue construir uma equipa disciplinada e
respeitada. |