Futebol/ Mundial: Estreantes, Palancas Negras mostram seu valor
Celle, Hannover, 17/06 (Dos enviados especiais) - Espectacular exibição. Angola, o único país
africano de expressão portuguesa presente pela primeira vez em fases finais do Mundial,
mostrou nesta sexta-feira, no Estádio de Hannover, porque se apurou para o maior evento
futebolístico do planeta, ao empatar (0-0) com o México, no jogo da segunda ronda do Grupo.
Apesar de terem entrado desconcentrados no primeiro minuto da partida, em que Carlos Salcido
quase inaugurou o marcador, aos 46 segundos, com um remate arrepiante para a baliza do
"homem" do encontro, João Ricardo, os Palancas Negras cedo ganharam confiança e
maturidade, perdendo o receio inicial e respondendo à mesma medida as investidas mexicanas.
Tanto que deu o sinal de aviso à formação Azteca, aos quatro minutos, com um remate de
Mendonça, antecedido de uma falta sobre Zé Kalanga, em grande plano na ala direita do ataque
angolano, mas que foi uma das vítimas preferenciais dos defesas mexicanos.
Por duas vezes, o jogo ficou para parado, em função das duras entradas do adversário. Pelo
"trabalho" que deu ao Ricardo Osório, Mário Mendez e Gonzalo Pineda, o médio do Petro de
Luanda foi "estudado" para ser retirado do relvado a qualquer preço, a julgar pela frequência
das infracções sofridas.
Os mexicanos, porém, estiveram durante a partida a comandar o ritmo do jogo e antes do
primeiro quarto de hora, o seu capitão Rafael Marquez levou a bola ao poste esquerdo da baliza
sob guarda de João Ricardo.
Na resposta, Figueiredo testou o remate, no entanto sem muito perigo para Oswaldo Sanchez. E
a partir daí, os pupilos de Oliveira Gonçalves "sacudiram" a timidez e mostraram a sua
verdadeira face, atacando com perigo sempre que estivessem com bola.
O pânico tomou conta dos mexicanos, a dez minutos do intervalo, quando os Palancas Negras
passaram a dominar a partida, deixando sem soluções a equipa orientada pelo argentino Ricardo
La Volpe, que diversas vezes tentou surpreender o guarda-redes angolanos, mas este atento
anulou tudo.até o craque Marquez.
Consistente a defender e a atacar, Mendonça e Figueiredo lideraram o "onze" nacional no meio
campo, cadenciando o jogo angolano, enquanto à frente Akwá, com sua experiência, técnica e
disciplina táctica, incomodava os mais recuados do "cordão" defensivo do México.
Na segunda parte, a saída de André Makanga (79), até então principal "tampão" na destruição
do jogo adversário, por acumulação de amarelos, deixou o treinador e os seus apoiantes em
"estado de choque", já que Angola tinha pela frente uma equipa forte e favorita, mas que por
subestimar os africanos viu a tarefa dificultada.
Nessa etapa, destaca-se a exibição excepcional de João Ricardo, que evitou a par do central
Kaly, situações de golo eminente.
Realce para a segunda bola ao poste, por Marquez, aos 86,
mas que o veterano "keeper" defendeu para canto. As entradas de Mantorras, Rui Marques
e Miloy reforçou e refrescou o combinado nacional para aguentar a pressão e também a
depressão dos latino-americanos.
Com duas boas prestações nos jogos disputados para o Grupo D, os angolanos mostraram
que não foi em vão que mereceram estar entre as 32 melhores selecções do mundo, facto
que acalenta até alguma esperança para a passagem à fase seguinte, caso Portugal ganhe sábado
o Irão.
Ainda assim, terão de vencer, na última ronda, os asiáticos e esperar por um deslize do
México diante dos lusos.
Pela exibição evidenciada, Angola pode ficar orgulhosa da sua selecção, levando em
consideração travaram um conjunto dotado de atletas de alta competição.
Formada a base de
futebolistas que actuam em ligas secundárias de Portugal, campeonatos asiático e interno
(Girabola), conseguiu, inclusive, superar o que parecia impossível: "segurar" o resultado,
com uma unidade a menos.
O México lidera o Grupo D, com quatro pontos, seguido de Portugal, adversário do Irão sábado,
com três, e Angola, na terceira posição, com um.
Sob arbitragem de Shamsul Maidin (Singapura), as equipas alinharam:
ANGOLA - João Ricardo, Loco, Delgado, Kaly, Jamba, Makanga, Figueiredo (Rui Marques),
Mendonça, Zé Kalanga (Miloy), Mateus (Mantorras) e Akwá.
Seleccionador: Oliveira Gonçalves.
MÉXICO: Sanchez, Salcido, Marquez, Osório, Pineda (Morales), Mendez, Torrado,
Zinha (Arrellano), Franco (Fonseca), Pardo e Bravo.
Seleccionador: Ricardo La Volpe.
Acção disciplinar: cartões amarelos a Delgado (13), Makanga (44 e 79, expulso), Zé
Kalanga (49`) e João Ricardo (85).
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