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Foto Angop |
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José Eduardo dos Santos, Presidente da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral |
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Luanda, 03/10 - O Presidente da Comunidade de
Desenvolvimento da África Austral (SADC), José Eduardo
dos Santos, defendeu hoje como prioridade do seu mandato
de um ano, a resolução pacífica dos conflitos armados
remanescentes na região.
Dos Santos, que discursava na cerimónia de encerramento
da Cimeira de Chefes de Estado e Governos da SADC,
iniciada quarta-feira em Luanda, disse que as suas
prioridades irão igualmente para a consolidação da paz,
segurança, dos direitos humanos e da democracia ao nível da
sub-região.
Segundo afirmou, estes aspectos constituem-se
primordiais para o desenvolvimento e integração económica
e política da Comunidade.
Dos Santos disse igualmente que neste mandato vai
procurar completar a fase piloto do centro de segurança
alimentar e desenvolvimento rural, a fim de se avançar no
estudo das políticas nacionais e regionais relativas a este
aspecto e a criação de um sistema de informação sobre o
mesmo.
Considerou necessário a organização de "uma verdadeira
cruzada" contra a fome.
As questões ligadas aos recursos hídricos também devem
merecer a atenção da comunidade, disse o presidente da
SADC, acrescentando ser necessária a gestão integrada
dos recursos hídricos, assim como dos que dizem respeito à
estratégia de gestão das cheias e das secas.
A par disso, defende o fomento da mobilização regional
na luta contra a malária, a SIDA e outras endemias, criando-se
para o efeito um centro regional de especialização
encarregue de treinar os quadros responsáveis pela gestão
destes assuntos.
Ao nível da educação, disse ser necessário se estabelecer
um banco de dados regional eficiente, por meio do qual se
fará um intercâmbio de experiências e a informação no
âmbito da SADC.
Sobre a pesquisa e as tecnologias de informação e
comunicação, dos Santos defende o seu reforço como chave
para integração regional.
O investimento neste sector, disse, será a via para o
desenvolvimento e, consequentemente, combater-se a
pobreza e desenvolver-se os recursos humanos.
Defendeu a revitalização do fundo cultural da
comunidade com o objectivo de mobilizar recursos
financeiros e de outra natureza para custear os novos
projectos e programas culturais a fim de se resgatar e
salvaguardar a identidade "mais profunda".
Considera benéfico realizar, durante o seu mandato, um
seminário com o objectivo de se elaborar um plano de acção
que permita implementar os resultados da Cimeira mundial
sobre desenvolvimento sustentável, recentemente realizada
em Joanesburgo.
A materialização destas medidas, a par de outras ligadas
aos sectores das infra-estruturas dos transportes, energia e
das comunicações, vai garantir a aceleração do processo de
integração regional e ajudar de modo decisivo para que o
continente tenha êxitos na concretização das suas metas de
desenvolvimento.
Ao assumir a presidência da SADC, o estadista angolano
solicitou o esforço de todos para a adopção de medidas
apropriadas, a curto e longo prazo, tendo em vista o alívio da
problemática de carência de alimentos que aflige cerca de 13
milhões de pessoas de alguns países da sub-região.
Disse que os principais desafios que se colocam hoje aos
Estados membros da SADC não são específicos da sub-região
ou do continente, mas tem um carácter global.
Fez referência aos casos da pobreza, a educação, a
insegurança alimentar, as pandemias, o narcotráfico, os
atentados à ecologia, o paludismo e outros, aspectos que
requerem uma resposta colectiva.
Para o estadista, a SADC continua a afirmar-se como
instrumento essencial para a garantia do desenvolvimento
económico e solucionar outras questões fundamentais que
afectam a segurança e estabilidade da África Austral.
O reconhecimento desta vitalidade possibilita também
uma participação mais equitativa e efectiva dos países
membros, quer no domínio das relações políticas
internacionais, onde podem assumir posições de interesse
comum, quer como do actual nível económico mundial.
A cooperação económica e técnica ao nível da SADC
converteu-se já em parte integrante das relações recíprocas
entre os estados membros e constituem um meio importante
para promover a troca de ideias, o intercâmbio de experiência
e conhecimentos sobre os avanços da ciência e técnica nos
mais diversos domínios - disse.
Considera gratificante que os esforços empreendidos para
a solução política dos diferentes conflitos armados que
atingiam alguns países estar a obter os seus frutos.
A região caminha firmemente para a pacificação e
segurança, condição essencial para implementação das
políticas de desenvolvimento em perspectiva - acrescentou.
Referiu que toda acção dos governos da SADC deve ter
como objectivo a estabilidade, a democracia, a boa
governação e o respeito pelos direitos fundamentais dos
cidadãos.
Considera necessário o estabelecimento a nível
internacional de relações mais humanas e justas, que possam
reverter as desigualdades existentes entre as nações
desenvolvidas e as designadas sub-desenvolvidas.
Dos Santos disse que isso será possível mediante a
promoção do crescimento com equidade, erradicação da
pobreza, o aumento da oferta do emprego produtivo e o
fomento da igualdade do género e da reintegração social.
"Os nossos países devem poder participar dos benefícios
da globalização em pé de igualdade com os estados
desenvolvidos a fim de não serem marginalizados as
oportunidades que este processo oferece+ - frisou.
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