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Luanda, 03/10- Angola vai, a curto prazo, estabelecer
acordos de transferência de energia, sobretudo, nas regiões fronteiriças
de Cabinda, Zaire e Cunene, disse hoje, em Luanda, o ministro da
Energia e Águas, Luís Filipe da Silva.
De acordo com o ministro, que falava antes da cerimónia de
encerramento da Cimeira dos Chefes de Estados e de Governos da
Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), há
necessidade de se estabelecer parcerias para exploração do potencial
energético existente na região em benefício de quem fornece e de quem
recebe.
O governante recordou que os planos de interligação com os
sistemas norte, a partir da barragem do Inga, na RDCongo, é um
projecto a longo prazo.
Segundo disse, o projecto que se encontra em fase de estudo
exigirá um volume de investimentos muito elevados, razão pela qual,
acrescentou ser necessário prapará-lo cuidadosamente e encontrar
fontes de financiamentos.
Neste momento, salientou, está a ser criado um grupo de trabalho,
que envolve a RDCongo, Angola, Namíbia e África do Sul, para se
estudar as melhores formas de se efectuar a interligação.
Relativamente a barragem do Ruacaná, na Namíbia, o ministro disse
que existe um acordo estabelecido ainda no período colonial, que
estabelece um conjunto de regras de utilização das águas do rio Cunene.
O ministro lembrou que ficou também estabelecido a conclusão da
barragem do Ruacaná, exclusivamente para produzir energia, para o
território namibiano, na altura sob administração da África do Sul.
No acordo, rubricado entre os então governos colonial português e
da África do Sul, foi também estabelecido a construção da barragem de
Calueki, a partir da qual se desenvolveu um canal de irrigação para o
abastecimento de água ao norte da Namíbia.
Em compensação, Angola, sob domínio português, beneficiou de
financiamentos para a construção da barragem do Gove, que permitia
regularizar o rio Cunene e ter uma produção de energia garantida a
partir da central hidroeléctrica da Matala.
Referiu que estes acordos assinados no tempo colonial, entre o
governo colonial português e o governo sul-africano para a exploração
da bacia hidrográfica do Cunene, vão ser revistos entre os dois Estados
independentes (Angola e Namíbia), com vista a chegar-se a
entendimentos mais adequados a situação actual.
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