Cunene: O renascer das cinzas
Por: Óscar Silva
Luanda, 21/11 - A província do Cunene, localidade martirizada
durante o conflito armado que assolou o país está, a todo o custo, a
renascer das cinzas, materializando vários projectos de desenvolvimento
sócio-económicos.
Esta constatação foi feita pela caravana do projecto jornalístico “ andar o
país” aquando da sua estadia nessa parte do território nacional tendo
passado pelo municípios de Cuvelai e Kuanhama onde pode verificar os
esforços levados a cabo pelo governo angolano em prol da reconstrução
nacional.
Neste contexto, cabe-nos destacar a reabilitação da via que liga a cidade de
Ondjiva a sede do município de Cuvelai, numa distância de cerca de 160
quilómetros, consignada a uma empresa mista angolana/namibiana, que uma
vez concluída facilitará a circulação de pessoas e bens nessas
circunscrições.
Ao se falar das vias não podemos deixar de mencionar o troço que liga a
cidade de Ondjiva ao posto fronteiriço de Santa Clara, local de importantes
transacções comerciais entre Angola e a vizinha república da Namíbia,
onde grande parte de cidadãos sobrevivem das mesmas.
Nesse local pode-se entrar em contacto com cidadãos de todos os pontos
do país que se deslocam a Namíbia em busca de produtos diversos como
vestuário e alimentos de primeira necessidade para serem posteriormente
comercializados.
Vários cidadãos contactados pela Angop consideram este o seu “modus
vivendi”, uma vez que na vizinha Namíbia têm a possibilidade de encontrar
produtos que escasseiam na cidade de Ondjiva, principalmente os
alimentares, uma vez que a província do Cunene não é próspera no cultivo
de produtos agrícolas.
Porém, este facto contribui para o aumento do índice de seroprevalência
devido aos constantes contactos fronteiriços e das frequentes relações
sexuais ocasionais que ocorrem fruto das amizades que se forjam no
momento, por um lado e pelo elevado grau de prostituição que se regista
nesta região.
Não podemos deixar de mencionar que a província do Cunene é uma das
regiões onde se verifica o maior índice de seroprevalência a nível do país,
facto que levou as autoridades sanitárias a prestarem uma maior atenção
nessa área.
Por outro lado, enaltecemos a aposta das autoridades em diminuir o
número de crianças fora do sistema de ensino, facto justificado com a
construção de escolas de primeiro ciclo e com a formação constante de
docentes com vista a uma melhor prestação de serviço nessa área.
Ainda no capítulo da reconstrução nacional temos a destacar a construção
de hospitais e postos de saúde com o objectivo de se prestar uma melhor
assistência médico-sanitária às populações.
Neste sentido, destaque para a comuna da Mupa, município do Cuvelai
com 30.850 habitantes, das quais 1.500 crianças estão enquadradas no
sistema de ensino até a 6ª classe, pretendendo-se ter um fluxo maior no
próximo ano lectivo, pelo que estão a ser construídos estabelecimentos
escolares com vista a levar a cabo este objectivo.
Actualmente na comuna da Mupa estão a ser reabilitados o Palácio do
administrador comunal, o posto da Polícia Nacional, uma escola de seis
salas de aulas com capacidade de 45 alunos cada, um posto de saúde, entre
outras obras que estão em curso.
É assim que a província do Cunene, de uma zona martirizada pela guerra e
pelas invasões do exército do então regime do apartheid da África do Sul,
procura renascer tornando-se numa zona que pretende alcançar o
desenvolvimento que se impõem e o consequente bem-estar das suas
populações.
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