Governo sublinha importância da abrangência da CPLP a nível mundial
Foto Angop/arquivo |
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Ministro das Relações Exteriores, João Miranda |
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Luanda, 03/11 - O ministro das Relações Exteriores, João Miranda,
reconheceu sexta-feira, em Lisboa (Portugal), a importância de acção da
Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) estender-se a países
influentes dos quatro principais continentes do mundo, para permitir estabelecer
com alguma facilidade os graus de complementaridade nas regiões de inserção
dos respectivos estados membros.
João Bernardo de Miranda, que falava no encerramento da XII Reunião Ordinária
do Conselho de Ministros da CPLP, realizada em Lisboa, Portugal, afirmou que
por este facto a relação entre os países africanos e de outros continentes tem se
intensificado a cada dia que passa, contribuindo desta forma para o
desenvolvimento e estabilidade socio-política do mundo inteiro.
Para o governante angolano, a realidade de inserção regional dos estados
membros da CPLP é bastante clara e influente, pelo facto de alguns destes
integrarem simultaneamente duas a três organizações, como são os casos de
Angola, que além da CPLP faz parte da Comunidade dos Países da África
Austral (SADC), à semelhança da República de Moçambique.
De igual modo, citou Cabo Verde e Guiné Bissau por serem ao mesmo tempo
membros da SADC e da CEDEAO; o Brasil que também pertence ao
MERCOSUL; Portugal como membro da União Europeia; Timor - Leste que está
filiado à ASEAN e, finalmente, São Tomé e Príncipe inserido na CEEAC,
organização da qual Angola também faz parte.
Neste sentido, salientou o ministro, Angola tem dado o seu máximo nas
respectivas áreas de inserção, desenvolvendo esforços conjugados com os
restantes países para garantir a paz e estabilidade regional, através de parceria,
fundamentalmente com outros povos africanos, americanos, europeus e
asiáticos.
"Assumimos com elevada responsabilidade a coordenação do Comité de
Defesa e Segurança da SADC e não deixa de constituir, para nós, motivo de
regozijo o facto de a região austral de África ser uma das zonas de prolongada
estabilidade no mundo”, referiu.
Segundo acrescentou, a resolução de pequenos problemas que afectavam os
estados membros da CPLP tem permitido avançar para outros compromissos
em áreas como economia e construção de infra-estruturas sociais, para quem
são indispensáveis para o desenvolvimento de qualquer país.
Por este motivo, informou o chefe da diplomacia angolana na XII Reunião
Ordinária do Conselho de Ministros da CPLP, está-se já a projectar a criação de
um mercado comum na região austral de África.
Para concluir, o ministro das Relações Exteriores fez saber que a nível da África
Central, as acções vão reflectir-se na busca da estabilidade política e no reforço
de mecanismos de concertação no domínio económico, particularmente no que diz
respeito aos recursos naturais da zona.
"É assim que Angola alberga, neste momento, a sede da Comissão do Golfo da
Guiné, uma organização que se pretende fórum de regulação das políticas que
dizem respeito aos estados membros, com principal ênfase para o domínio da
defesa e da segurança", avanço o governante.
Por outro lado, João Bernardo de Miranda manifestou-se regozijado pelos
excelentes resultados alcançados durante o processo de registo eleitoral,
adiantando que a cifra de oito milhões de cidadãos registados demonstra a
vontade do povo angolano em participar activamente no desenvolvimento da
democracia no país.
A seu ver, este facto augura óptimas perspectivas para as eleições legislativas,
previstas para Maio ou Setembro de 2008.
Durante dois dias de trabalho, os ministros da CPLP passaram em revista
a participação e a experiência dos seus países nas Organizações
Regionais e Sub-Regionais em que estão inseridas e a importância da
integração regional para o desenvolvimento e a afirmação
internacional dos seus respectivos territórios.
Entretanto, sublinharam a importância da realização, durante a presidência de
Portugal do Conselho da União Europeia, da II Cimeira UE – África,
manifestando a esperança de que venham a ser adoptadas decisões que
contribuam para o efectivo reforço das relações e da cooperação entre a União
Europeia e a África, no quadro de uma parceria estratégica.
Tomaram ainda nota das recomendações emanadas da Reunião
do Grupo de Trabalho Alargado sobre Cidadania e Circulação de
Pessoas no Espaço da CPLP, realizada a 18 de Junho último, dando
cumprimento à resolução aprovada pelo XI Conselho de Ministros
de Bissau, em 2006, tendo para o efeito procedido à assinatura do
Acordo de Concessão de Visto para Estudantes Nacionais dos
Estados membros da CPLP.
No domínio da formação, acolheram com satisfação a proposta brasileira de
oferecer vagas para o refrescamento de diplomatas dos países da CPLP no
Curso de Formação do Instituto Rio Branco, responsável pela formação dos
diplomatas no Brasil. A iniciativa possibilitará o estabelecimento de laços, tanto
de carácter político como de natureza pessoal, de que beneficiarão as relações
bilaterais entre os estados membros da organização.
Os participantes congratularam-se igualmente com a aprovação do Programa
Indicativo de Cooperação para o médio prazo, que tem por objectivo apoiar os
esforços de desenvolvimento humano dos estados membros e reforçar as suas
capacidades, elaborado de acordo com as orientações da Estratégia Geral de
Cooperação, aprovada em Bissau, na VI Conferência de Chefes de Estado e de
Governo da CPLP.
Ainda no quadro dos trabalhos da XII Reunião do Conselho de Ministros da
CPLP, os ministros das Relações Exteriores e dos Negócios Estrangeiros da
organização foram hoje, recebidos, em audiência, no Palácio de Belém, pelo
presidente de Portugal, Aníbal Cavaco Silva.
Integraram a delegação angolana a esta reunião os embaixadores de Angola
em Portugal, Assunção dos Anjos, na Guiné-Bissau, Brito Sozinho, e Eduardo
Benny do gabinete de apoio do Ministério das Relações Exteriores à CPLP.
O debate geral da XII Sessão Ordinária do Conselho de Ministros da
Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, cuja abertura foi presidida pelo
ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros de Portugal, Luís Amado, teve
como tema central “A CPLP e as Experiências de Integração Regional”.
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