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Rectrospectiva 2004: Criatividade e patriotismo consagram Dog Murras

Foto/Angop
Músico angolano Murthala de Oliveira

Luanda, 05/01 - A criatividade e o patriotismo harmoniosamente "acasalados" nas letras, músicas e ritmos do cantor angolano Murthala de Oliveira "Dog Murras" fizeram do artista um dos mais ouvidos e aplaudidos no país e no estrangeiro, o que lhe valeu um disco de ouro em 2004 fruto da sua terceira obra "Bué Angolano".

Dog Murras faz do estilo musical ku-duro uma arma poderosa, principalmente no seu CD mais referenciado "Bué Angolano", para exaltar valores fundamentais como amor à pátria, respeito ao próximo, dignidade e responsabilidade na direcção dos sectores públicos, entre outros.

Murthala de Oliveira é um dos poucos cantores, um dos principais mentores do ritmo ku-duro, que reúne consenso da crítica jonalistica, pessoas adultas, jovens e crianças, devido à sua linguagem musical bem educada e orientada, assim como letras bem conseguidas de um estilo bastante conflituoso e polémico.

A sua grande capacidade de criar, aliada ao seu talento melódico permitem ao cantor inovar, ou seja, fugir a forma de cantar dos outros artistas do mesmo estilo, misturando o ritmo ku-duro com o semba, kilapanga, rebita, zouk, rap que resulta numa bela combinação musical.

O disco de ouro, recebido em Portugal devido à venda de mais de 20 mil cópias em Angola e no estrangeiro, constituiu um orgulho e responsabilidade para o cantor que considerou bastante difícil tal proeza nesses tempos, dado o aumento da pirataria discográfica no mundo e por enveredar por um estilo ainda pouco aceite, principalmente entre as pessoas adultas.

A propósito da pirataria, Dog realizou, juntamente com agentes da ordem pública, uma empreitada contra a venda de discos falsos. Na ocasião percorreu os principais mercados da cidade de Luanda, como Roque Santeiro, Congolenses, São Paulo, Kwanzas, entre outros, tendo sido apreendido e destruído grandes lotes de CD. Na altura disse que a sua acção não era movida pelo dinheiro, mas para a valorização dos artistas e da própria cultura nacional.

Agostinho Neto, primeiro presidente e fundador da República de Angola, Fidel de Castro, presidente de Cuba, Nelson Mandela, ex-presidente da África do Sul e Che Guevara "Ché", combatente revolucionário internacional e comandante de guerrilha, este sobretudo, são os grandes ídolos de Dog Murras e sua fonte de inspiração pois que representam o patriotismo e a luta pela causa dos povos oprimidos. É nesta senda que o artista se apresenta em palco com indumentárias com estampa da bandeira da República de Angola e posteres de "Ché".

As qualidades artísticas do autor dos discos "Suis Generis", "Natural e Diferente" e "Bué Angolano" já ultrapassaram as fronteiras nacionais, o que fazem dele uma estrela no estrangeiro, ou seja, em países como Portugal, Cabo-Verde, São-Tomé e Príncipe, Guiné Bissau, Moçambique, África do Sul, Namíbia entre outros, onde tem sido bastante solicitado para shows.

2004 foi também um ano de afirmação a nível internacional do artista que cantou "Nosso é nosso".

Além de receber o disco de ouro em Portugal, Dog Murras participou ainda no carnaval daquele país, bem como abriu o espectáculo do conceituado grupo musical antilhano Kassav, em terras lusa, e abrilhantou um show em Moçambique, por ocasião do dia da independência daquele país do Índico.

Ainda neste ano, o autor do sucesso "Sonho de um angolano" foi convidado pela cadeia de Televisão sul africana Chanel O, para entrevista e mostra dos seus vídeos clips; participou em espectáculos de grande dimensão em Cabo-Verde, Guiné Bissau, Itália e Inglaterra.

O cantor iniciou a sua carreira artística como repper ainda na África do sul, onde se encontrava a estudar. Diz que esta troca deveu-se ao facto de se sentir melhor neste estilo, mas como o mundo musical não têm fronteiras e reserva muitas surpresas, aconselhou para as pessoas não se espantarem se um dia vier a cantar kizomba, rap ou coladeira.

Dog Murras, que trocou o curso de Belas Artes pela música, é um investigador e interessado pela cultura dos outros povos, no que toca a estilos musicais visto que escuta de tudo um pouco, desde a sacra à folclórica, passando pelos ritmos antilhanos, cubanos, jazz, europeus, africanos, tradicional, entre outros.

Nos seus vinte e sete anos, a estrela do ku-duro tem um sentindo crítico e olhar optimista no que tange à realidade da música nacional, afirmando que está bem encaminhada e que nos últimos tempos assiste-se a grandes progressos neste campo, onde os artistas nacionais têm sabido se impor através do seu talento, assim como contornar várias situações menos abonatórias, o que impõe investimentos na formação do homem e a maior valorização do produto nacional.

Dog Murras é defensor da necessidade dos órgãos de comunicação social passarem cada vez mais música nacional, bem como a criação de mais prémios e concursos para descoberta de novos valores e consagração dos artistas mais renomados no mercado.

Dog Murras iniciou-se no campo da música ainda criança, influenciado pelo seu pai, que o persuadiu a gostar do agrupamento antilhano Kassav e do artista angolano David Zé.

Anos depois, ruma para a África do Sul onde frequentou o curso de belas artes, tendo começado de imediato a pesquisar novos ritmos, principalmente aqueles tocados por B.B. King, Luciano Pavaroti e 2 Pac.

Naquele país, Murras aprendeu a tocar o estilo "raga mufin" e realizou várias animações em discotecas locais, interpretando esse mesmo género musical. Apesar de ter apenas três discos no mercado fonográfico, Dog Murras, natural de Luanda, é considerado pela crítica como um dos artistas de maior expressão e popularidade da música angolana jovem do pós-independência.

Notabilizou-se no país nos finais da década de 90, com o lançamento do álbum "Sui Generis" (2000) e mais tarde colocou no mercado o "Natural e Diferente" (2001).

O grande sucesso, porém, surgiu com o "Bué Angolano", evidenciado pela maturidade e forças temático-rítmica e informativa do ku-duro. A título de exemplo, Dog Murras vendeu em dois dias cinco mil discos, na portaria da Rádio Nacional de Angola, em Luanda, números que constituíram na época record de venda de CD naquele local.

Por: Sebastião Dias

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