Retrospectiva 2004: Frequentes assaltos de celulares no ano findo
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Frequentes assaltos de celulares em 2004 |
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Por: Assis Quituta
Luanda, 04/01 - Os incontáveis assaltos a mão armada dos telefones móveis, com realce para os da operadora Unitel, perpetrados por grupos de jovens nas paragens de táxis, autocarros, bem como em outros lugares de grande confluência populacional da cidade de Luanda,
com assassinatos à mistura, destacaram-se, pela negativa, em 2004.
Por causa de um telemóvel ou outra insignifcância, estes jovens chegaram ao ponto de matar, utilizando armas de fogo ou brancas contra quem se lhes opusesse, daí, por vezes, a "indiferença" de quem assistisse a um assalto desse tipo.
Além dos telemóveis, outros produtos preferidos pelos jovens são as bijuterias e pastas dos passantes para nelas subtraírem valores monetários.
A obtenção, de maneira fácil, do dinheiro para deliberadamente adquirirem o que pretendem, a utilização de bebidas alcoólicas são, entre outros, os vícios adquiridos pelos jovens nas ruas e que os prendem nelas.
No caso dos telemóveis, os larápios vendem-nos num circuito "negro" ou regateam com o seu proprietário a troco de 50 a 60 dólares, uma situação que obrigou a Unitel a adoptar um sistema de bloqueio automático dos aparelhos da sua linha, por serem vulneráveis à troca indevida de usuários.
A inalação da gasolina e o consumo da droga por parte desses jovens são os principais recursos
estimulantes para as reprováveis acções.
Hoje, para se andar pelas ruas de Luanda, quer a pé quer de carro, todo o cuidado é pouco no sentido de controlar os actos destes desocupados, muitos deles já com passagem frequentes em centros de acolhimentos e lares, onde, além da educação e acompanhamento psico-social,
receberam formação profissional.
Porém, já com os vícios adquiridos, alguns se sentem oprimidos, por falta de estupefacientes, e preferem abandonar tais locais.
Quanto a esse comportamento, psicólogos são de opinião que uma atenção especial deve ser dada aos jovens para se descobrir o verdadeiro motivo da fuga deles nesses locais, aliado a um acompanhamento em planos de educação, bem como de literatura para produzirem comportamentos
pró-sociais nos jovens.
A formação de grupos de delinquentes em vários pontos de Luanda, tais como "Alameda Squad", "Maianga Squad", "Prenda Squad", "Alameda", "Cazangás", "HDA", "Black Suícida", entre outros, o quão delicada é a situação, já que estes à moda dos "guetos" americanos digladiam-se e
estupidamente matam-se.
A formação destas gangs" que põem em prática acções horrorosas em Luanda, muitos deles já detidos e soltos pela polícia, mostra como estamos em termos de desordem pública, em parte estimulda pelo código penal que não prevê a privação de liberadade de menores.
O aparecimento destes grupos registou uma evolução com a proliferação das chamadas "sombrinhas", ou antenas parabólicas, que transferem para cá, em seus programas, o lado "podre" da suas sociedades, pois os filhos, irmãos, sobrinhos, amigos etc.. (delinquentes), na sua maioria,
enveredaram pela mal conduta em resultado da imitação irresponsável do que vêem na TV.
Por incrível que pareça, os dados apontam que uma boa parte destes jovens delinquentes (dos gangs) são de famílias bem posicionadas na sociedade, mas também mostram que os seus pais ou tutores desconhecem a conduta daqueles.
Isto não quer dizer que a delinquência juvenil se circunscreve apenas àquele estrato, mas ao geral,
pois todos são abrangidos, incluso os meninos de rua, autênticos ratoneiros.
No entanto, a polícia tem a sua responsabilidade no aumento desses casos, embora os crimes sejam fenómenos que surgem também devido às convulsões ou transformações sociais.
A
responsabilidade policial começa quando é incapaz de aparecer, na maioria dos casos, para reprimir
tais delitos. Isto põe os "putos" na condição de intocáveis, encorajando-os a prosseguir na senda do
mal.
É certo que à favor da polícia pesa a falta de condições operacionais, como equipamento moderno, meios de transporte e efectivo para chegar rapidamente às zonas de conflito, mas também é verdade haver uma certa indiferença em muitos casos. Posto isto, há que dotar o efectivo policial de maior profissionalismo.
Para que tudo não sobre para a Polícia, é mister que a sociedade trabalhe para a denúncia dos casos de delinquência juvenil, na educação dos que ainda não se delinquiram e na correção dos marginais, assim como deve instruir os pais ou tutores a acompanherem com mais responsabilidade a conduta dos seus protegidos, para que não sejam os últimos a saber e possam antecipadamente
trazê-los de volta à razão.
Por sua vez, o governo deve criar centros de acomodação de delinquentes juvenis, com pessoal de reeduação devidamente preparado e com condicões ideais, não para que o infractor se sinta no "paraíso", mas a fim de ser valorizado e estímulado a reintegrar a sociedade de maneira honesta.
É verdade que se deve entender este momento como o da pacificação e harmonização de
espíritos dos angolanos e, por isso, o esforço do governo e, em particular, de alguns organismos que
trabalham com crianças tem de ser maior.
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