Polidesportivo: Basquetebol e andebol no pódio africano nos últimos 29 anos
Por Geraldo Quiala, Angop
Luanda, 11/11 - As selecções nacionais seniores de basquetebol
em masculinos, e andebol em femininos, marcaram passos firmes ao longo
dos 29 anos desde que o país se tornou independente, a 11 de Novembro
de 1975, constituindo-se hoje nas principais referências do desporto angolano
na última década.
O futebol, tido como "desporto-rei", não teve a mesma sorte dos
hepta-campeões africanos.
Apesar das dificuldades decorrentes da guerra que assolou o território
nacional após a independência, o desporto soube ganhar espaço na sociedade
angolana, e fruto do apoio governamental algumas modalidades conquistaram
hegemonia no continente, além de marcarem presenças regulares em
competições mundiais e olímpicas.
Deste modo, o "cinco" nacional de bola ao cesto tem dominado o
panorama basquetebolístico africano, desde a sua subida ao pódio no
Afrobasket89, disputado em Luanda, perdendo apenas uma edição para
o Senegal, ao passo que a nível de clubes o Primeiro de Agosto domina
campeonato nacional, seguido pelo Petro de Luanda. Os militares ganharam
a última Taça africana em 2002 na capital angolana.
Presente em quatro fases finais de mundiais, Angola participou em
Espanha86, Argentina90, Canadá94 e EUA2002, em Indianápolis, e em
femininos, contrariamente ao sector masculino, o melhor que conseguiu
foi a terceira posição, destacando-se o torneio de 1981 (Dakar, Senegal).
No andebol, as coisas têm sido igualmente favoráveis para o país,
sobretudo nas formações femininas (seniores e juniores). Internamente
dominado pelo Petro de Luanda, 14 vezes vencedor do "nacional", esta
equipa constitui a base de escolha das selecções nos dois escalões.
Angola conquistou desde a sua independência oito títulos africanos com
a selecção e nove de clubes pelas petrolíferas, enquanto em juniores ganhou
quatro campeonatos, todos nos últimos dez anos. Disputou os mundiais seniores
na Coreia90, Noruega93, Hungria95, Alemanha97, Dinamarca/Noruega99, Itália2001
e Croácia2003.
Em qualquer destas provas internacionais, as angolanas sempre
estiveram entre as 16 melhores formações, tendo inclusive atingido os
oitavos-de-final do Mundial da Itália, enquanto nas três participações
olímpicas a sua melhor classificação foi o oitavo lugar, em Atlanta96. Em
Sydney2000 e Atenas2004 ficou em nono.
Domínio absoluto tem demonstrado em África. Venceu oito vezes,
em seniores, e quatro em juniores. Tri-campeã panafricana e só não
chegou ao "penta" porque perdeu para os Camarões, em Abuja2003
(Nigéria). A hegemonia estende-se ao nível de clubes, onde o Petro de
Luanda lidera o ranking com nove troféus e cinco supertaças Babacar Fall.
Surgido mundialmente em 1988, mas em grande na arena internacional,
o desporto adaptado bateu recordes mundiais e paralímpicas, através do
angolano José Sayovo, nos 100, 200 e 400 metros planos. Em Angola, os
portadores de deficiência integraram-se nas modalidades desportivas em
Novembro de 1994, por iniciativa de um grupo de técnicos da Direcção
Nacional dos Desportos.
O Comité Paralímpico Angolano (CPA), que tutela toda actividade
adaptada no país, apesar de ser a mais nova instituição desportiva, é a
que maiores patamares atingiu em competições internacionais.
Em pouco tempo, conseguiu elevar a bandeira de Angola tanto
em África como em outros continentes. O primeiro feito aconteceu em 1999,
em Joanesburgo, com três medalhas de ouro e uma de bronze em natação. O
último foi em Setembro nos Jogos Paralímpicos de Atenas (Grécia), no qual
Sayovo conquistou três medalhas de ouro e igual número de recordes,
nos 100 metros (11.37), 200 metros (23.04) e 400 metros (50.03).
O futebol, apesar de duas fases finais em CAN (Africa do Sul96 e
Burkina Faso98), tem registado pouco crescimento, tendo em 29 anos de
independência ganho apenas competições regionais (duas Taças Cosafa/Castle
Lager) e ao nível de clubes Petro de Luanda, Primeiro de Agosto e Primeiro
de Maio de Benguela marcaram já presença em finais das afrotaças, nos
finais da década de 90.
A Falta de infra-estruturas tem sido apontado como um dos
factores que está na base desta situação, enquanto mantém uma prova interna
(Girabola) regular e com alguma competitividade, cujos destaques recaem
quase sempre aos quatro "poderosos" (Primeiro de Agosto, Petro de Luanda,
ASA e Interclube).
Em relação ao xadrez, retêm-se os cinco títulos continentais em
juniores ganhos, por Adérito Pedro, em 1992, em Nairobi, Quénia, Eugénio Campos
(94 e 95), nas Ilhas Maurícias e Luanda, Vlademiro Pina (96 e 97) na Nigéria
e Moçambique, respectivamente.
Mas, ultimamente tem baixado de rendimento em competições
internacionais, como aconteceu ainda mês nas olimpíadas de Calvira
(Espanha), com o oitavo posto entre os africanos, depois de em edições
anteriores ter discutido já os primeiros três lugares.
O voleibol também registou alguns feitos e fracassos desde a criação
em 1978 da sua federação, tendo conquistado três campeonatos da zona VI
do Conselho Superior dos Desportos em África (1994, 97 e 99). Apesar disso,
continua com um torneio interno pobre, devido aos escassos apoios
financeiros para a organização de mais actividades.
Nos tempos áureos (1995), o Primeiro de Agosto (femininos) venceu a
taça de clubes campeões africanos, disputada na Zâmbia, e repetiu a
proeza na edição seguinte no Botswana (1996). Os "nacionais" em
ambas as classes limitam-se por equipas de Luanda, o que diminui a sua dimensão.
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