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Por: José Ganda
Luanda, 30/12 - Angola registou, durante o ano findo, acontecimentos que pela sua relevância política, económica, social e cultural mobilizaram as atenções da sociedade em geral, de um lado, e constituíram manchetes nos vários órgãos de comunicação social, por outro.
O recorde do mundo estabelecido pelo atleta paraolímpico angolano José Sayovo, o V Congresso do MPLA, o IX Congresso da UNITA, a discussão dos símbolos nacionais e a liberalização da venda livre de divisas nos bancos comercias simbolizam todo um almanaque de acontecimentos
ocorridos dentro e fora do País.
O MPLA, maior partido político angolano, realizou o seu quinto congresso de 06 a 09 do corrente mês, depois de um longo e cuidadoso processo de preparação, tendo mobilizado cerca de um milhão de militantes em centenas reuniões das suas estruturas de base e intermédias, bem como a nível superior.
O resultado dessa mobilização, iniciado em Agosto, foi um conclave da "grande família", considerado o melhor organizado, em termos técnicos e logísticos de todos os anteriores.
A grande novidade do V congresso, que reconduziu para o cargo de presidente o engenheiro José Eduardo dos Santos, foi a criação do cargo de vice-presidente do partido, para o qual elegeu o actual ministro da Administração Pública e Emprego, Pitra Neto, e a renovação do seu comité central em 45 por cento.
Na festa do encerramento do magno encontro, o MPLA conseguiu concentrar mais de 50 mil pessoas durante um comício popular, proeza jamais conseguida por nenhum outro partido político nos últimos 10 anos.
Por seu turno, a UNITA, por sinal o segundo maior partido, realizou igualmente o seu primeiro congresso da era pôs savimbista, com três candidatos ao cadeirão presidencial do galo negro.
Saiu vencedor da contenda Isaías Samakuva que derrotou Paulo
Lukamba Gato, e Dinho Chingunji.
Outro assunto que "mexeu" com a sociedade angolana foi a questão de aprovação ou não da alteração dos símbolos nacionais (hino nacional, insígnia e bandeira) que durante três anos foi discutida por uma comissão parlamentar criada especificamente para o efeito.
A comissão decidiu pela manutenção da insígnia actual, fazer pequenas alterações à letra do "Angola Avante" e a apresentação da nova bandeira, totalmente diferente da actual, rubra-negra-amarela.
A polémica em torno deste assunto "ferveu" quando no dia 30 de Julho
foi apresentada a nova bandeira, que viria a ser considerada por um dos deputados à Assembleia Nacional como sendo feia e sem linfa.
Na realidade, a nova bandeira despoletou uma onda de contestação generalizada da população que através dos meios de comunicação social manifestaram o seu desagrado por considerarem que a nova bandeira em
nada representa o País tão pouco a sua população.
No campo económico, o destaque foi a liberalização da venda de divisas em todos os bancos comerciais do país, o que permitiu a valorização da moeda nacional, o Kwanza, em relação ao dólar norte-americano.
Com efeito, a nota de cem dólares que rondava os 10 mil Kwanzas, recuou para 8.000 Kz a compra e 8200 Kz a venda, logo a seguir a comercialização de divisas ao público e de títulos pelo Banco Nacional de Angola.
Também foi destaque, no sector económico, a revisão do OGE/2003, no segundo semestre do ano, e a aprovação em Outubro do Orçamento de 2004, bem como a apresentação a Assembleia Nacional do projecto que autoriza a emissão de notas de maior valor facial que devem entrar em circulação no próximo ano.
Os aspectos sociais do país continuaram a ser equacionados nas diferentes esferas do governo com vista a melhoria das condições de vida da população, consubstanciadas no saneamento básico, assistência médica e medicamentosa, habitação, educação, abastecimento de energia eléctrica e de água potável.
Em termos da saúde, 2003 manteve o quadro dos últimos anos com grande parte de hospitais e centros de saúde do país degradados em consequência da guerra que destruiu o país.
As estatísticas revelam que o país possui pouco mais de 1000 médicos para atender um universo de 12 milhões de cidadãos, um quadro que se pretende inverter nos próximos anos.
As taxas de mortalidade materna, infantil e de crianças menores de cinco anos estão estimadas em 150/1000 nados vivos, 1500/100.000 nados vivos e 250/1000 nados, respectivamente, sendo causas principais a malária, hemorragia e partos complicados.
Em 2003 o movimento cultural manteve certa cadência relativamente ao ano passado com tendência para o melhoramento, nomeadamente no campo da arte, da música, do teatro e da literatura.
Com uma média de duas obras semanais, o sector literário deu mostras
que o movimento literário vai continuar o dinamismo que vem conhecendo nos últimos anos em qualidade e quantidade.
Na vertente desportiva, Angola, em 2003, colocou o seu nome nos anais da história, por, pela primeira vez da sua existência, estabelecer um recorde do mundo numa prova de atletismo.
O autor da proeza chama-se José Sayovo, que, em Agosto, pulverizou o recorde dos 400 metros com o tempo de 51.29, numa prova em que derrotou o detentor da marca, o espanhol Bulido Luís.
De forma quase "rotineira", em basquetebol, Angola voltou a não encontrar adversários que o impedisse de conquistar a prova continental da modalidade realizada na cidade egípcia de Alexandria.
Nessa prova, em que Angola se tornou hepta-campeã, o doze, treinado por Mário Palma, venceu todos os encontros por mais de 10 pontos, incluindo a selecção anfitriã, Egipto, e a Nigéria, que conta com três jogadores da NBA.
Foi no final desta prova em que um dos expoentes maiores de
basquetebol de Angola, Jean Jacques da Conceição, deu por finda a sua carreira como jogador de basquetebol.
O jogador manifestou a sua disponibilidades para doravante trabalhar apenas no desenvolvimento da modalidade junto dos escalões jovens.
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