Retrospectiva: ONU ainda disponível a ajudar Angola em 2004
Luanda, 29/12 - O representante interino das
Nações Unidas em Angola, Mário Ferrari, considerou útil o trabalho da sua instituição em 2003 e sublinhou a continuidade da assistência humanitária da ONU em 2004, de modo a concluir com as actividades já iniciadas.
"Temos o sentimento de que o trabalho da ONU em Angola foi útil, daí que pode ser considerado positivo" - adiantou.
Ao fazer um balanço sobre as actividades da ONU no país, o alto funcionário disse à Angop, que em 2004 a sua instituição vai concluir com as actividades pendentes necessitadas de monitorização, por causa da fragilidades da
situação e fornecendo alguma assistência humanitária, para que a situação não se torne em um problema mais grave.
Anunciou, no entanto, que as ajudas humanitárias vão diminuir um pouco em 2004, embora não signifique o seu desaparecimento, pois, na realidade, as necessidades humanitárias estão ainda bem visíveis em Angola.
A ONU vai continuar a apoiar o regresso das famílias à normalidade, de modo a que elas encontrem nas suas terras condições mínimas, tais como escolas, centros de saúde, mercados para troca de produtos, alimentos e tenham autonomia para começar a produzir sementes.
"Não podemos dizer que os trabalhos foram concluídos, uma vez que só começamos, mas já temos estabelecidos uma série de contactos e planos de cooperação em matéria de projectos com o governo de Angola", já que é intenção da
ONU ver o fortalecimento das instituições nacionais e públicas.
Aquele funcionário considerou positivo o trabalho realizado pela instituição durante o ano prestes a terminar.
Noutra parte da sua abordagem, considerou insuficiente o valor estipulado no apelo das Nações Unidas para 2004 de cerca de 263 milhões de dólares, apesar de, com este montante, a ONU
poder ajudar o governo e as instituições nacionais a
organizarem-se, fortalecerem-se de maneira a serem capazes de absorver com eficácia e eficiência um fluxo maior de ajudas financeiras.
"Em 2003 foram concretizados passos positivos
promissores. Agora encontramos-nos frente ao desafio de sermos capazes de construir e continuar o caminho para o progresso" - pontualizou.
Relativamente aos trabalhos desenvolvidos em 2003,
adiantou que as Nações Unidas apoiaram o Ministério de Educação no seu programa de universalização da escola primária para todos.Os
trabalhos começaram nas províncias de Malanje e do Bié, onde com os governadores, foram assinados acordos no sentido de estes elaborarem um processo de retorno à escola generalizado.
Foi a partir desta experiência, referiu, que o governo decidiu expandir esta iniciativa a escala nacional e recrutar 29 mil professores novos no sentido de em 2004 existirem condições
para a universalização de acesso à escola primária - pontualizou.
Através do acesso a informações sobre experiências internacionais, apoiou o governo e instituições do Estado na elaboração do Plano Estratégico Nacional para Luta contra o
HIV/Sida.
Com as agências da ONU presentes em Angola, prestou apoio no tratamento do HIV/sida com anti-retrovirais, na saúde reprodutiva, na prevênção de doenças sexuais e de transmissão materna, em iniciativas de jovens e na produção de
material educativo.
A nível central e periférico, a ONU apoiou na definição de metodologias para a desminagem e informação e educação do público para a auto-profissão.
A ONU, segundo Ferrari, está a acompanhar o esforço do governo em estabelecer o estado de direito, realizando trabalhos como o registo de crianças, a reintegração de menores separados e órfãos, bem como a criança usada como soldado durante o conflito.
Com o Ministério da Justiça, trabalha na reforma do sistema judicial ao mesmo tempo que colabora com a polícia na sua formação de maneira que estes se transformem em protectores de direito do cidadão.
Em colaboração com o Banco Mundial, algumas agências da ONU assistem ao governo na definição dos planos estratégicos económicos do país e colabora no processo de reactivação e melhoria da administração do Estado.
A ONU apoiou igualmente o retorno das famílias
deslocadas, a reintegração dos refugiados e ajudou as pessoas regressadas no estabelecimento de condições mínimas para uma vida normal.
Por outro lado, cerca de 300 mil famílias foram apoiadas com sementes e instrumentos agrícolas de maneira que comecem a ser autonómas na produção de alimentos.
Apesar das dificuldades registadas, tais como péssimas estradas e pontes, a presença de minas anti-pessoal e anti-tanque, foi possível reinstalar em 2003, 40 mil refugiados de maneira organizada.
Na óptica de Mário Ferrari, os programas estabelecidos foram bem dirigidos pois incidiram-se sobre pontos importantes da história do país, da situação da população e do desafio do governo de reactivar a sua própria máquina e as suas capacidades de administrar um território vasto que por muitos anos ficou fora do seu controlo.
Mario Ferrari concluiu, exaltando o facto de a paz ser algo muito precioso que deve ser consolidada para o retorno à normalidade da vida dos angolanos, onde as famílias possam projectar o futuro.
Por Ilda Fernandes
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