Retrospectiva: Arte plástica angolana evidencia-se no estrangeiro em 2003
Por Adriano Chisselele
Luanda, 27/12 - A arte de pintar, esculpir,
desenhar e gravar esteve em evidência em 2003, com as
participações de um número considerável de artistas plásticos
angolanos em exposições no estrangeiro.
Os criadores como Tomás Ana "Tona", Marcela Costa,
"Maiembe", António Gonga, Benjamin Sabby, entre outros,
representaram na Namíbia, Zimbabwe, Japão e Estados
Unidos o quotidiano de paz e alegria de Angola saída de uma
guerra prolongada e que com força caminha ao progresso.
São estes sinais, de esperanças do pós guerra,
visualizadas diariamente pelos exímios artistas da nossa praça,
que com talento e o uso da madeira, tinta, telas, espátulas,
pincéis e vernizes vão tornando a realidade cada vez mais bela.
Obras em estilo surrealista, realista, abstracto e figurativo
não deixaram igualmente de retratar as consequências do
conflito, com imagens de deslocados, crianças de rua e a
destruição de infraestruturas.
No entanto, além dos temas do dia a dia, patente nas obras
plásticas angolanas surgiram aspectos relativos ao mosaico
cultural angolano, desde as máscaras, com traços antropológicos
e estéticos das várias tribos da angolanidade, tais como a
Cokwe (das províncias das Lundas Norte e Sul), a beleza das
mulheres mumuilas (Huíla) e mucubais (Benguela e Namibe) e
até as cerimónias fúnebres tradicionais.
Um dos artistas de grande realce, que executou as
suas obras, retractando estes hábitos e costumes das tribos
angolanas, é Victor Teixeira "Viteix" (já falecido) que pintou e
gravou as máscaras, símbolos e figuras do imaginário da vida
tradicional angolana, particularmente, da tribo Cokwe, que
muito pesquisou.
Com este artista, de acordo com críticos, as artes plásticas
conheceram o que se pode considerar a definição da linguagem
plástica no período pós-independência.
A qualidade da sua obra sensibilizou e cativou os artistas
plásticos a seguirem o seu caminho, evidenciado este ano por
estes.
Jorge Gumbe, Franscico Van-Dúnem "Van", António
Feliciano "Kidá", Álvaro Cardoso e Marcela Costa, entre outros,
são nomes a reter na senda do trilho de Viteix.
O reconhecimento da arte do bem desenhar, tecelar, pintar,
esculpir foi este ano igualmente reconhecido a nível africano,
pelos prémios conquistados por Marcela Costa(Tecelagem) e
Maiembe (escultura), no concurso africano de belas artes do
Centro Internacional da Cultura Bantu (CICIBA).
A estes títulos de cariz africano adiciona-se o Prémio Nacional
de Cultura e Artes edição 2003, na especialidade das artes
plásticas, ganho por Augusto Ferreira, devido à exposição que
realizou, em Luanda, sobre os 40 anos da sua actividade criativa.
Perante a tenacidade dos artistas plásticos angolanos em
criar, recrear e retratar a beleza e o dia a dia de Angola é mister
dizer-se que devem ser apoiados regularmente na consecução
fácil dos materiais artísticos e na formação dos mesmos,
porquanto o país tem somente uma escola média de artes
plástica.
Estes criadores e os vindouros precisam de mais institutos
médios e de uma escola superior de belas artes, para se
incentivar cada vez mais o gosto pela pesquisa e retrato da
realidade histórica e cultural angolana e a consolidação dos
seus conhecimentos.
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