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Foto Angop |
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Patrícia Faria, destaque das vozes femininas de 2003 |
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Por Venceslau Mateus
Luanda, 24/12 - Dominado maioritariamente por
vozes femininas, que deram uma outra dimensão à música
nacional, o mercado musical angolano registou este ano o
maior movimento, quer do ponto de vista da produção
discográfica quer das vendas.
Determinadas em demonstrar a vivacidade melódica das
suas vozes e conquistarem um espaço, as jovens cantoras
surgiram em força num mercado comandado até então pelos
homens.
Semba, zouk, zouk love, kilapanga, rap e soul music foram
os estilos predominantes nos discos de cantores angolanos
produzidos no país e no exterior. Deste conjunto, o destaque
recai para as obras de Patrícia Faria, a artista que abriu o ano
com o lançamento do seu primeiro Cd a solo, intitulado
"Eme Kia", em Fevereiro.
Procurado por muitos, "Eme Kia" foi até Julho recordista
de venda de disco em Angola, com a comercialização de
1.500 cópias na sua primeira aparição pública, perdendo a
exclusividade após o lançamento da obra "Bue Angolano", do
kudurista Dog Murras, que em Julho, durante uma sessão de
venda de Cds e autógrafos estabeleceu um novo recorde ao
vender 2.600 discos.
A confirmação dos talentos femininos surgiu nas vozes de
Bruna Tatiana, Érica Nelumba, Yola Araújo, Margareth do
Rosário, esta última que colocou no mercado em finais de
Novembro a sua segunda obra "Amor Profundo, Love 2".
O desfile de vozes femininas em palcos internos e externos
teve também o contributo de Toya Alexandre, vocalista do
grupo Versáteis, que colocou no mercado o seu primeiro
disco a solo, intitulado "Esperança", e das Gingas do
Maculusso, que esperam brindar o público com a quarta obra
discografia gravada em Portugal, intitulada "Muenho: Vida,
Life", com a participação especial de Lokua Kanza.
A confirmar o bom momento que as cantoras angolanas
atravessam destaca-se o troféu conquistado por Bruna
Tatiana, que na "terra de Mandela", África do Sul", arrebatou,
no princípio deste mês, o prémio de melhor aparição, dos
"Real Music Awards 2003", com o vídeo clip da música
"Donde está la fiesta", uma das faixas do seu segundo Cd
"Bruna", atribuido pelo canal televisivo sul-africano
"Channel O".
A "intromissão" das senhoras no mundo da música que se
registava só com a interpretação de temas ritmados em semba,
soul music, zouk e zouk love, atingiu agora o mercado do rap
e kuduro, que nas vozes de Marita Venus e Fofandó têm
colocado em evidência a "febre" das mulheres na arte do
bem cantar.
No entanto, este movimento das "senhoras" foi "vigiado"
de perto pelos já consagrados Bonga, Paulo Flores, Dom
Kikas, SSP, O2 e Dog Murras, que continuaram a dar cartas
no musi-hall angolano fazendo brilhar a sua "estrela" com a
apresentação de discos que levaram e continuam a levar o
público amante da música angolana às pistas de dança do
país.
Kaxexe, The Best e Quintal do Semba, Raio X, Amor e
Ódio, Hot Style e Bue Angolano são os discos ritmados em
vários estilos que, desde o semba ao soul music, passando
pelo zouk, zouk love e kilapanga, marcaram o país
musicalmente.
Apesar da grande concorrência que se regista pela
conquista do mercado, quer pelos homens, quer pelas
mulheres, todos eles perseguem um único objectivo: divulgar
e valorizar a música e a cultura angolana, além fronteiras.
Pelo andar da "carruagem", o contágio musical parece que
terá continuidade em 2004, um ano que promete emoções
fortes e a ser aberto já em Janeiro com o lançamento de mais
uma obra de Paulo Flores, intitulada "Xe Povo".
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