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Foto Angop/arquivo |
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José Eduardo dos Santos foi reeleito presidente do MPLA |
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Luanda, 09/12 - Eis a biografia do presidente
do MPLA, José Eduardo dos Santos, reeleito esta tarde por
unanimidade e aclamação, em Luanda, para um período de
cinco anos à frente da direcção do partido no poder em Angola:
José Eduardo dos Santos nasceu a 28 de Agosto de 1942, em
Luanda, filho de Eduardo Avelino dos Santos, pedreiro reformado,
e de Jacinta José Paulino, doméstica, ambos falecidos.
Frequentou
em Luanda o ensino primário e, posteriormente, o secundário, no
então Liceu Nacional Salvador Correia.
Ainda estudante do Liceu Salvador Correia, em Luanda, em
finais da década de 50, quando o Movimento Nacionalista Angolano
ganhava novo ímpeto com a criação do MPLA, Movimento Popular
de Libertação de Angola, Dos Santos inicia a sua
actividade política, militando em grupos clandestinos que se
constituíam nos bairros periféricos da cidade de Luanda.
Com o eclodir da Luta Armada de Libertação Nacional, a 4 de
Fevereiro de 1961, assiste-se a uma repressão brutal sobre a
população de Luanda por parte dos colonialistas portugueses
que levaram o MPLA a adoptar novos métodos de luta. Muitos
jovens partem para o exterior do país a fim de participarem na
Luta Armada.
Assim, a 7 de Novembro de 1961, com um grupo de seis jovens,
José Eduardo dos Santos sai clandestinamente do país, em
direcção ao Congo Leopoldeville.
Pelas qualidades reveladas, José Eduardo dos Santos, então
com a idade de 20 anos, desempenha simultaneamente as
funções de vice-presidente da JMPLA, organização que foi
um dos fundadores, e primeiro representante do MPLA em
Brazzaville. Ainda em 1962, consciente de que a via armada
constituía a principal forma de luta contra a dominação
colonialista, integra-se no EPLA (designação dos grupos de
guerrilha do MPLA).
Em Novembro de 1963 partiu para a URSS, integrando um grupo
de estudantes do MPLA a fim de prosseguir os seus estudos
superiores no Instituto de Petróleo e Gás de Baku, onde viria a
se licenciar em Engenharia de Petróleos, em Junho de 1969.
Durante o período de licenciatura, José Eduardo dos Santos
dinamiza a actividade política entre os estudantes que se
encontravam naquele país e torna-se o principal dirigente da
secção dos estudantes angolanos na União Soviética.
Depois de finalizar os estudos, ingressou numa escola especial
na URSS, onde frequentou, durante um ano, um curso militar de
telecomunicações, que o habilitou a exercer, de 1970 a 1974,
sucessivamente, as funções de operador-chefe do centro principal
de comunicações da Frente Norte, e de responsável adjunto dos
serviços de telecomunicações na segunda região político-militar do
MPLA, em Cabinda.
Em 1974 é designado membro da Comissão provisória de
reajustamento da Frente Norte, Responsável das finanças da
2ª Região, e desempenha novamente as funções de representante
do MPLA em Brazzaville, até Junho de 1975.
No mesmo ano, em Setembro, foi eleito membro do Comité Central
e do Bureau Político na Conferência Inter-regional do MPLA que
se realizou na Frente Leste (Moxico), sob proposta do saudoso
presidente Agostinho Neto.
Na altura estabelece a coordenação da actividade
política e diplomática a nível da 2ª região.
Nesse período conturbado que antecedeu a Independência Nacional,
José Eduardo dos Santos é indicado, em Junho de 1975,
coordenador do Departamento de Relações Exteriores do MPLA,
e organiza a instalação desses serviços em Luanda, assim como
desenvolve intensa actividade diplomática que o leva a várias
capitais africanas. Cumulativamente coordena também o
Departamento de Saúde do MPLA.
Com a proclamação da Independência da República Popular de
Angola, a 11 de Novembro de 1975, José Eduardo dos Santos
é nomeado ministro das Relações Exteriores. Durante o período
que exerceu essas funções, Angola foi, depois de intensa luta
diplomática, reconhecida como membro de pleno direito da OUA,
em Fevereiro de 1976, e da ONU, em 1 de Dezembro de 1976.
No I Congresso do MPLA, realizado em dezembro de 1977, foi
eleito membro do comité central e do Bureau Político do MPLA-
Partido do Trabalho, o que permitiu nos anos compreendidos
entre 1977 e 1979, desempenhar as funções de secretário do
Comité Central para a Educação, Cultura e Desporto, primeiro,
e depois as de secretário do CC para a reconstrução nacional
e, mais tarde, para o desenvolvimento económico e planificação.
Entretanto, exerceu o cargo de primeiro-vice-primeiro-ministro
até Dezembro de 1978, altura em que foi nomeado ministro do
Plano.
Em virtude do desaparecimento físico do saudoso presidente
António Agostinho Neto, José Eduardo dos Santos foi eleito
presidente do MPLA - Partido do Trabalho -, a 20 de
Setembro de 1979. No dia seguinte (21) foi investido nos
cargos de presidente do MPLA - PT, da República Popular de
Angola e de Comandante-em-Chefe das Forças Armadas
Populares de Libertação de Angola (FAPLA).
Em Novembro de 1980, José Eduardo dos Santos foi eleito
Presidente da Assembleia do Povo, órgão máximo do poder
do Estado.
Em 17 de Dezembro do mesmo ano, o congresso extraordinário
do MPLA - PT confirmou José Eduardo dos Santos nos cargos
acima referidos.
Na primeira metade da década de 80, José Eduardo dos Santos
lançou as primeiras tentativas de reformas políticas e económicas
que se foram sucedendo, sempre, porém, sob pressão da situação
de guerra que impediu a rapidez e eficácia da sua materialização.
Em 1985, o 2º congresso do MPLA-PT, confirmou José
Eduardo dos Santos em todos esses cargos.
No período compreendido entre 1986 a 1992, José Eduardo
dos Santos dirige os seus esforços para o processo de
pacificação do país que assiste, então, à retirada das tropas
invasoras sul-africanas do território nacional e o
repatriamento do contigente militar cubano.
Em Dezembro de 1986, Eduardo dos Santos ascendeu ao
grau militar de general de exercito, a mais alta patente
militar em Angola.
A partir daí, com a evolução da situação internacional, registada
na região, em especial, pela Independência da Namíbia, são lançadas
as negociações que culminaram, em Bicesse, com a assinatura
dos acordos de paz e na abertura de Angola ao pluralismo político,
à economia de mercado e, sobretudo, à organização e realização
de eleições democráticas multipartidárias.
Nestas eleições, o MPLA conquistou a maioria nas legislativas,
enquanto José Eduardo dos Santos obteve 49.57 por cento dos votos
gerais. No entanto, por impossibilidade da realização da
segunda volta, foi reconduzido no cargo de presidente da
República de Angola.
Entre as várias distinções obtidas, recebeu, em 29 de Abril
de 1993, em reconhecimento dos seus esforços em prol de
uma "Angola democrática, livre e pacifica", do Instituto Nacional
Norte-americano da Liberdade (INC) um certificado de distinção.
Eduardo dos Santos recebeu condecorações e distinções da
Comissão Nacional para a Justiça Racial da Igreja Unida de
Cristo dos Estados Unidos, do presidente namibiano, San Nujoma,
do seu homologo Omar Bongo, da Universidade federal do Brasil.
Em 1998, durante o IV Congresso ordinário do partido, José
Eduardo dos Santos é reconduzido ao cargo de presidente do
MPLA.
Entre os grandes feitos destes últimos tempos, destacam-se a
sua luta pela garantia da integridade territorial, conquista e
manutenção da paz, estas últimas, por si proporcionadas, e
alcançadas em Abril de 2002, na sequência da assinatura, em
Luanda, do Memorando de Entendimento Complementar ao
Protocolo de Lusaka.
O actual chefe de Estado angolano é co-fundador da Comunidade
de Países de Língua Portuguesa (CPLP).
José Eduardo dos Santos é casado com Ana Paula dos Santos,
com quem tem três filhos. Nos tempos livres pratica futebol,
andebol, basquetebol, toca viola e tambor, prefere a música
ligeira à clássica, gosta de literatura de preferência angolana.
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