Leia na íntegra o discurso do presidente do MPLA, na abertura do V Congresso
CAROS DELEGADOS
ILUSTRES CONVIDADOS
MINHAS SENHORAS E MEUS SENHORES
CAMARADAS
Sei que ao iniciarmos hoje os nossos trabalhos estamos
todos fortemente imbuídos da intenção de projectar o
nosso Partido para um patamar superior, capaz de o levar
a enfrentar com êxito os desafios que nos reservam a
sociedade angolana e o mundo actual.
Este Congresso é o primeiro que realizamos em tempo
de paz. Através dele queremos aprofundar o estudo das
vias mais rápidas para materializar plenamente o nosso
Programa Político e satisfazer a expectativa de todos os
que acreditam que o MPLA continua a ser capaz de
corresponder aos anseios de independência, paz,
democracia e progresso social do Povo angolano.
A três anos de completar meio século de existência,
queremos também que o MPLA valorize ainda mais a
sua rica e gloriosa história e que possa redescobrir
sempre, no sacrifício heróico dos nossos antepassados,
as energias necessárias para prosseguir a sua marcha
vitoriosa rumo ao bem-estar e felicidade de todos.
A história, que não pode ser apagada nem ter uma
conclusão, é uma ajuda útil para conceber o futuro do
MPLA, que deve ser construído em bases sólidas, de
acordo com princípios políticos correctos e regras claras
estabelecidos nos seus Estatutos e Programa.
Se lançarmos um olhar para o passado, veremos que
foram muito profundas as mudanças que se verificaram
em Angola. Até 1991 vigorou o sistema de Partido Único
e o sistema económico estava baseado essencialmente
na propriedade social dos meios de produção.
O tecido produtivo e as estruturas económicas do comércio
eram constituídas predominantemente por empresas
estatais, cujos resultados se destinavam a satisfazer as
necessidades crescentes do Povo.
Essas necessidades eram identificadas num plano global,
centralmente dirigido, na base do qual se estruturava a
produção, a distribuição e a redistribuição do rendimento
social, sob orientação e controlo do aparelho administrativo
do Estado e em conformidade com as directivas da
direcção do Partido.
O MPLA era assim o centro e o único animador de todos
os sistemas e organizou-se com o objectivo de orientar,
dirigir e controlar a acção dos órgãos do Estado e fazer
funcionar a sociedade na base dos princípios e valores
consagrados na Constituição da República. Adoptou
então os princípios da produção (e serviços) para a
organização e da territorialidade para a direcção.
A organização político-militar herdada da Luta de
Libertação Nacional foi logo após a proclamação da
Independência Nacional ajustada às novas condições
históricas. Por um lado, prosseguiu a transformação dos
Corpos de Guerrilheiros do MPLA em Forças Armadas
Populares de Libertação de Angola (FAPLA), iniciada em
1 de Agosto de 1974.
Por outro lado, na base daqueles dois princípios, expandiu
a implantação das Células e Comités do Movimento em
todo o território nacional, ditada pela necessidade de dar
a esse Movimento a estrutura de um Partido política e
ideologicamente forte e mais selectivo.
As lutas políticas regeneradoras do sistema eram
conduzidas dentro do mesmo Partido por uma outra
corrente de opinião, resultando daí a necessidade de
renovação parcial dos órgãos de Direcção e a ascensão
por mérito aos escalões superiores dos Quadros que
demonstravam boas qualidades morais, políticas e de
liderança.
O Partido não necessitava de disputar o poder político do
Estado com qualquer outra formação política. As suas
organizações de base, estruturas intermédias e de
direcção e controlo eram concebidas para influenciar e
fazer funcionar o sistema político e económico reinante.
Com o advento do multipartidarismo e a consagração na
Constituição da República do sistema político pluripartidário
e da economia de livre iniciativa as condições históricas
mudaram radicalmente.
Tendo em conta esta perspectiva, que é universal e não
se limita ao contexto nacional, o MPLA reassumiu em 1990
o seu carácter de Partido de Massas e constata agora a
necessidade de ajustar os seus princípios de organização
e métodos de trabalho à nova realidade. Não podemos
continuar a viver à moda antiga numa situação
completamente nova!
O nosso Partido deve preparar-se e estruturar-se de modo
a vencer as lutas eleitorais nos municípios, quando aí
houver autarquias, as eleições legislativas e presidenciais,
a nível nacional, e ser capaz de governar e de realizar as
suas promessas eleitorais.
Para esse efeito, os seus membros devem assumir a
militância como um compromisso político com o Partido.
Um compromisso que resulta da sua convicção e ideais,
mas cuja concretização exige organização, unidade e
acção conjugada entre todos os que partilham a mesma
linha política, para aplicação do Programa do MPLA.
A militância exige também paixão, dedicação, paciência,
clarividência, acompanhadas de inteligência e abnegação.
Surge como uma livre opção de vida, mas impõe a sua
coerência. Devemos viver e agir politicamente em
conformidade com a nossa consciência, e quando esta
se identifica com os princípios gerais defendidos pelo
nosso Partido, então, e só então, podemos afirmar que
somos do MPLA.
Somos do MPLA porque este defende princípios e assume
na prática uma postura que se coaduna com as nossas
convicções e sentimentos, principalmente no que diz
respeito às grandes questões nacionais, como a paz, a
justiça social, a reconciliação, o desenvolvimento, a
unidade da Nação, os Direitos Humanos, a democracia e
a transparência.
O MPLA continua a manter de forma coerente no novo
Projecto de Programa, a ser submetido à apreciação dos
Delegados, a defesa desses grandes desígnios nacionais
e afirma-se como um instrumento indispensável para uma
melhor configuração e dinamização da vida nacional a
todos os níveis.
Atentos aos ventos novos e à necessidade de adoptar,
num processo simultaneamente de continuidade e de
permanente renovação, novas formas organizativas e
novos métodos de trabalho, suscitados pelo avanço da
Ciência e pelos constantes rearranjos do xadrez mundial,
pugnamos por maiores garantias de liberdade de expressão
e de actuação dos militantes.
Assim, os novos Estatutos consagram a liberdade de
discussão, tolerância, reconhecimento e aceitação do
pluralismo de opiniões no seio do Partido e a liberdade
de crítica e auto-crítica.
Estes Estatutos também admitem o direito dos militantes
se identificarem com `correntes de opinião` internas, mas
refuta claramente a organização autónoma de `tendências`,
porque põe em causa a disciplina partidária e a
preservação da unidade do Partido.
Estas e outras alterações substanciais propostas
configuram uma revisão profunda da forma e conteúdo
dos Estatutos, de modo a atender ao desejo dos militantes
de modernizar e democratizar o MPLA, no quadro de uma
nova estratégia e de uma diferente inserção no contexto
socio-político interno e internacional.
A nova estratégia está descrita numa Moção a submeter
a este Congresso, e ela é a expressão do compromisso
político dos candidatos à Direcção. Nela estão indicadas
soluções para os problemas de Angola, a serem
materializadas em várias fases e etapas.
A Moção faz uma análise sucinta das causas que no
passado impediram a implementação plena de vários
projectos e programas do Governo elaborados sob
orientação do MPLA. Dentre estas as principais são a
guerra e a instabilidade permanente e também uma
inadequada preparação política e técnica de um grande
número de funcionários e quadros encarregados de pôr
em prática as políticas adoptadas.
O MPLA é sensível à crítica geral da sociedade, dirigida
a si e ao Governo, e com espírito auto-crítico está a tentar
melhorar a sua actuação, nos domínios da gestão da
coisa pública e da transparência dos seus actos, da
educação, prevenção e combate contra o HIV/SDIDA e
da organização e gestão democrática dos assuntos do
Estado e outros, com vista a conduzir o esforço nacional
para:
1. A consolidação da paz;
2. A consolidação e aprofundamento da democracia e do Estado de Direito e o respeito pelos Direitos Humanos;
3. A promoção da Boa Governação;
4. A redução gradual e sustentada da intervenção directa do Estado na economia;
5. O combate à pobreza e promoção da distribuição equitativa e justa da riqueza nacional e do rendimento social;
6. A formação dos recursos humanos;
7. A criação de infra-estruturas vitais para o desenvolvimento;
8. A promoção de relações políticas e económicas regionais e internacionais que garantam a estabilidade e o desenvolvimento de Angola.
Todos estes desafios se encontram correlacionados de
maneira íntima e a resolução de um pode impulsionar a
resolução dos outros. No entanto, é na acção coordenada
e eficaz que está o segredo para o êxito e para tal
devemos ter instituições modernas e eficientes, quadros
tecnicamente bem preparados em número suficiente, e ao
mesmo tempo uma política racional de gestão dos recursos
humanos.
Devemos saber onde estão e o que fazem os quadros que
formamos e se o seu aproveitamento está a ser feito da
melhor maneira. A continuação da reforma das instituições
em Angola surge assim como um imperativo a ser encarado
num sentido amplo, que inclua a reforma da Administração
Pública, da Comunicação Social, do Sistema Judicial, do
Sistema Financeiro, etc..
Inscrevem-se nestas preocupações a adopção de uma
nova Constituição, cujas regras fundamentais alusivas ao
sistema político e à sociedade favoreçam o eficaz
funcionamento das instituições e propiciem um bom
desempenho da economia.
O desenvolvimento do país dependerá em grande medida
da competitividade das empresas e eficiência das
instituições que forem criadas, no quadro de um sistema
legal, judicial e para-judicial e no respeito pelos valores da
democracia política e económica, da transparência e do
respeito pelos direitos e interesses legalmente protegidos
dos cidadãos e empresas.
Igualmente se inscrevem nesta perspectiva o investimento
na formação de capacidades de gestão e de administração
para tornar as nossas instituições mais dinâmicas e
catalisadoras do crescimento económico e do progresso
social e técnico-científico.
Camaradas Delegados,
No mundo de hoje, o princípio da legitimidade do poder fica
satisfeito unanimemente através da prática da democracia
representativa e do funcionamento do seu mecanismo
básico, que consiste no sufrágio universal e secreto. É
neste sentido que estão a ser criadas as condições para
realizarmos eleições gerais, conforme vontade expressa
por todos os Partidos Políticos.
O MPLA vai competir pelo poder político em pé de
igualdade com outros partidos, porque todos estão
integrados no nosso regime democrático e são
indispensáveis. A exemplo do que se passa no desporto,
sem adversários não há jogo. E quando todos têm as
mesmas oportunidades e direitos, a vitória só sorri a quem
apresenta melhores recursos e argumentos. Eu confio nos
nossos, que são fortes e justos!
Os problemas surgem quando não se cumprem as regras
do jogo e se envereda por outras vias que podem provocar
actos de violência ou rupturas sociais e políticas graves,
previstas e condenadas na Lei, como aconteceu num
passado recente. Isto tem de ser evitado a todo o custo no
futuro, pois constitui também um atentado aos direitos e
liberdades dos cidadãos.
O MPLA encara as liberdades individuais como um dos
principais sustentáculos da paz. As liberdades dos cidadãos
devem ser sagradas e preservadas e devem estar na base
da tolerância, quer política quer social.
As leis estabelecidas de forma duradoura, promulgadas e
conhecidas pelos cidadãos constituem a garantia da
afirmação da liberdade e uma forma de se evitar o caos,
a anarquia ou mesmo a imposição de formas intoleráveis
de opressão.
Aos cidadãos angolanos deve ser dada a mais ampla
possibilidade de reclamar os seus direitos, sempre que
necessário, através dos órgãos da Justiça. A reforma do
sistema judicial, antes referida, visa de facto tornar a
justiça mais célere e mais próxima do cidadão.
No âmbito das liberdades, o MPLA encara a Comunicação
Social como um elemento chave do regime democrático.
Uma Lei de Imprensa mais adequada às mudanças já
registadas no país será oportunamente aprovada, podendo
terminar o monopólio que o Estado até aqui detém sobre a
televisão, com a possível abertura deste sector aos
operadores privados. Será assim acentuado o carácter
aberto e plural da informação angolana.
Camaradas Delegados,
Apesar da grande concentração da nossa população nas
áreas urbanas do litoral, em consequência da guerra, cerca
de dois terços ainda habitam no interior do país.
Não
podemos descurar este aspecto, porque esses cidadãos
também devem ser abrangidos pelas mudanças que
preconizamos para a melhoria das condições de vida e
bem-estar de todos os angolanos.
O MPLA sempre manteve laços profundos com as
populações rurais, pois foi junto delas que desenvolveu
essencialmente a sua luta de libertação em prol da
Independência nacional. Elas merecem o carinho especial
e constante do nosso Partido.
Nas áreas rurais temos de prestar uma atenção particular
aos deslocados, aos retornados internos e externos, aos
ex-combatentes e, de um modo geral, a toda a população
vulnerável em áreas de retorno, que se encontra muitas
vezes à margem da economia formal.
Temos que gizar programas mais audaciosos de
reintegração social e produtiva destas pessoas e combater
as assimetrias regionais. Não deve haver exclusão. É uma
Angola de todos para todos o que queremos.
Neste sentido, o MPLA considera que o ordenamento do
território deve ser uma componente essencial da estratégia
nacional do desenvolvimento sustentável. Tem de
articular-se com as restantes políticas económicas e
sociais, para dar resposta às necessidades da população
em termos de coerência global de usos do solo e garantir
o seu acesso, económico e físico, à habitação, aos
equipamentos sociais e ao emprego, preservando também
o meio ambiente.
Neste contexto ganha particular relevo a chamada `questão
de Cabinda`, como parte integrante do território nacional
onde a tensão militar já não tem expressão e devemos
continuar a aplicar o programa de pacificação, ampliando
o diálogo e agindo de modo mais enérgico para melhorar
a situação económica e social das populações da
província.
Camaradas Delegados,
Minhas Senhoras e Meus Senhores,
O novo clima em que o país vive há cerca de dois anos
criou pela primeira vez as condições para que se possa
implementar de modo mais resoluto o modelo de sociedade
preconizado pelo nosso Partido no seu Programa.
O nosso processo de reformas económicas conhece
actualmente um redobrado vigor e dinamismo.
Registaram-se avanços significativos no que diz respeito
à estabilização macro-económica, com uma melhor gestão
da despesa pública e a redução do défice fiscal.
Inverteu-se a tendência de depreciação contínua e
acelerada da moeda nacional, no mercado de câmbios, e
reforçou-se a tendência de desaceleração da taxa de
inflação dos anos anteriores.
A inflação anual no final do corrente ano deverá situar-se,
pela primeira vez nos últimos dez anos em dois dígitos,
numa taxa muito próxima de 65%. Encorajado pelos
resultados conseguidos, o Governo estabeleceu para
2004 uma meta de inflação de 20%, que muitos consideram
ambiciosa, mas que está ao nosso alcance, se
continuarmos a trabalhar com seriedade, rigor e coesão.
Os resultados positivos já alcançados no processo de
estabilização económica só foram possíveis porque houve
uma maior coesão no seio da nova Equipa Económica, que
permitiu uma melhor coordenação dos esforços do
Governo.
impões-se agora que essa coordenação seja aperfeiçoada,
para que o processo de estabilização macro-económica
traga os benefícios desejados, tais como a diminuição do
nível de dolarização da economia; a protecção do poder de
compra dos trabalhadores e das poupanças denominadas
em moeda nacional, que, deste modo, passam a afluir em
maior volume ao sistema financeiro; o reforço da confiança
dos empresários nacionais e estrangeiros no mercado
angolano, como destino dos seus investimentos; e a
expansão, diversificação e modernização do sector
financeiro, no seu papel de intermediação entre os
aforradores e os investidores.
Para que os benefícios da estabilização sejam plenamente
sentidos por todos os angolanos, sobretudo os de menores
rendimentos, traduzindo-se na efectiva diminuição do custo
de vida, é necessário que o Governo prossiga os esforços
de remoção de algumas imperfeições a nível da
concorrência empresarial, com vista a promover o aumento
e a melhoria da oferta dos bens e serviços e a redução do
seu preço, com reflexos positivos no nível de vida e no
bem-estar dos cidadãos.
Por outro lado, os poderes públicos deverão continuar a
estimular o aparecimento e a expansão por todo o país de
novas instituições financeiras, bancárias e não bancárias,
que oferecerão novas possibilidades de financiamento às
famílias e empresas, de que resultarão novos investimentos
e mais emprego.
A estabilização económica não deve ser considerada como
um fim em si mesma, mas antes como o meio de
viabilização do relançamento da economia nacional e de
criação das bases de um desenvolvimento sustentável, no
nosso país. Consciente deste facto, o Governo deve
prosseguir o seu programa de recuperação de
infra-estruturas económicas e sociais destruídas pela
guerra, ainda que aplicando recursos próprios, para
estimular o crescimento do sector produtivo não petrolífero,
nomeadamente a agricultura, a pecuária, a agro-indústria e
a pesca, a indústria transformadora, etc.
Nesse espírito, o Governo prevê para 2004 uma taxa de
crescimento real do PIB à volta de 13%, induzido pelo
crescimento do sector petrolífero de 16,5% e não
petrolífero de 9,1%.
Em todo este processo não podemos perder de vista que
a Educação é também um sector estratégico para o
desenvolvimento, pois só com a generalizada formação e
constante aperfeiçoamento dos cidadãos angolanos
poderemos conceber e materializar as políticas que
defendemos.
Os investimentos nessa área produzem sempre resultados
espectaculares, pois eles geram e sustentam o
conhecimento e a criatividade a todos os níveis e permitem
que surjam iniciativas inéditas e novas formas de dar
solução a problemas antigos e aos que eventualmente
venham a surgir.
Por outro lado, e ciente de que são gritantes as carências
que ainda se verificam na área social, o Governo vai
aumentar a despesa com este sector, que representou
24,4% da despesa total, no presente ano, e representará
33% em 2004. Ao reforço da despesa com o sector social
acrescem as medidas de desagravamento fiscal, que se
traduzem na diminuição das taxas do Imposto Predial
Urbano, na introdução da taxa zero no Imposto de
Consumo, relativamente aos bens de produção nacional, e
na isenção do Imposto sobre os Rendimentos do Trabalho
até ao valor de KZ 8.500 mensais.
Estas medidas de redução da carga fiscal visam proteger
os rendimentos dos trabalhadores mais desfavorecidos,
promovendo-se, desta forma, a justiça social, aumentar a
competitividade das empresas angolanas e diminuir a
evasão fiscal, tantas vezes estimulada por uma excessiva
carga tributária. Só deste modo venceremos a fome e o
desemprego e seremos capazes de dar um futuro de
prosperidade aos nossos filhos.
São complexas as tarefas que estamos a desenvolver para
o reforço da estabilização macro-económica e criação das
bases de um desenvolvimento sustentado em Angola.
Apesar dos resultados encorajadores já obtidos, muito nos
falta realizar. A pesada herança da guerra e o nível das
distorções socio-económicas é tão grande que não
poderemos, a curto prazo, dar solução a todos os
problemas com que ainda se confrontam os nossos
cidadãos.
Os militantes do MPLA têm, neste âmbito, pesadas
responsabilidades, cabendo-lhes não só defender o nosso
modelo de sociedade, mas também explicar aos cidadãos
que só com trabalho persistente e laborioso poderemos,
todos aspirar a uma Angola melhor. Os resultados até
agora já alcançados indicam, claramente, que estamos no
caminho certo.
Camaradas Delegados,
Com o espectacular progresso científico e tecnológico dos
últimos anos aumentou o fosso entre os países
desenvolvidos e os que lutam ainda para sair do
subdesenvolvimento, estando os países como o nosso
ameaçados de não poder beneficiar desse progresso num
plano de igualdade de oportunidades.
Para evitar esse perigo, torna-se indispensável criar as
condições materiais e humanas para, em conjunto com
outros países na mesma situação, podermos exigir formas
mais eficazes e inovadoras de transferência tecnológica,
que permitam acelerar o crescimento e a produtividade das
nossas economias e consolidar também as nossas
incipientes democracias.
Esta é uma etapa decisiva, na qual não podemos hesitar
nas escolhas que fazemos, sob o risco de nos mantermos
sempre atrasados ou de perdermos mesmo o combóio da
modernidade, da estabilidade económica, da paz social e
do desenvolvimento.
Felizmente, os Angolanos vivem hoje em todo o território
nacional em paz e juntos estão a criar os alicerces de uma
Angola reconciliada, unida, próspera e solidária.
Num quadro em que as armas se calaram para sempre,
temos todos demonstrado que somos capazes de conviver
de forma pacífica e democrática, relegando para o
esquecimento as experiências amargas da guerra e
acreditando que a diferença concorre para a unidade e que
a tolerância deve ser uma regra no relacionamento do dia
a dia.
Registo em particular a forma digna como os militantes,
simpatizantes e amigos do MPLA foram capazes em tão
pouco tempo de perdoar e superar os traumas do passado
e encaram agora com espírito aberto o confronto de ideias
e a luta política, característicos de uma sociedade livre e
plural.
Saúdo e agradeço a presença nesta sessão de abertura
dos nossos Convidados, que assim quiseram demonstrar
a sua já tradicional amizade e solidariedade, nesta ocasião
tão especial para a vida do nosso Partido.
Quero igualmente agradecer o inestimável contributo
prestado por todos os que criaram as condições técnicas
e materiais para que este evento pudesse ser realizado
neste novo e agradável espaço, que certamente favorecerá
o desenrolar dos nossos trabalhos.
Que o bom senso, a profundidade e a franqueza marquem
as intervenções de todos os Delegados, para que esta
magna reunião seja mais um marco decisivo na nossa
história.
Declaro aberto o V Congresso do MPLA!
PAZ, RECONCILIAǦO NACIONAL E
DESENVOLVIMENTO!
VIVA O MPLA!
VIVA ANGOLA!
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