Materialização do programa político deve ser aprofundada - Dos Santos
Luanda, 06/12 - O Presidente do MPLA, José Eduardo dos Santos,
disse hoje, em Luanda, que no congresso do seu Partido pretende-se aprofundar
o estudo das vias mais rápidas para materializar plenamente o programa político.
Por outro lado, indicou que se pretende satisfazer à expectativa de todos os
que acreditam que o MPLA continua a ser capaz de corresponder aos anseios de
independência, paz, democracia e progresso social de Angola.
No seu discurso de abertura, Dos Santos referiu que a três anos de completar
meio século de existência, "queremos também que o MPLA valorize ainda mais a
sua rica e gloriosa história e que possa redescobrir sempre, no sacrifício heróico dos
nossos antepassados, as energias necessárias para prosseguir a sua marcha vitoriosa
rumo ao bem-estar e felicidade de todos".
A história, recordou, que não pode ser apagada nem ter uma conclusão, é uma ajuda
útil para conceber o futuro do MPLA, que deve ser construído em bases sólidas, de
acordo com princípios políticos correctos e regras claras estabelecidos nos seus Estatutos
e Programa.
Disse ainda que se "lançarmos um olhar para o passado, veremos que foram muito
profundas as mudanças que se verificaram em Angola". Até 1991 vigorou o
sistema de partido único e o sistema económico estava baseado essencialmente na
propriedade social dos meios de produção.
José Eduardo dos Santos recordou que o tecido produtivo e as estruturas económicas
do comércio eram constituídas, predominantemente, por empresas estatais, cujos
resultados se destinavam a satisfazer as necessidades crescentes da população.
Para ele essas necessidades eram identificadas num plano global, centralmente dirigido,
na base do qual se estruturava a produção, a distribuição e a redistribuição do rendimento
social, sob orientação e controlo do aparelho administrativo do Estado e em
conformidade com as directivas da direcção do Partido.
O MPLA, na óptica do seu Presidente, era assim o centro e o único animador de todos
os sistemas e organizou-se com o objectivo de orientar, dirigir e controlar a acção dos órgãos
do Estado e fazer funcionar a sociedade na base dos princípios e valores consagrados na
constituição da República. Adoptou então os princípios da produção (e serviços) para a
organização e da territorialidade para a direcção.
A organização político-militar herdada da luta de libertação nacional foi logo após a
proclamação da Independência Nacional ajustada às novas condições históricas. Por um lado,
prosseguiu, a transformação do Corpo de Guerrilheiros do MPLA em Forças Armadas
Populares de Libertação de Angola (FAPLA), iniciada em 1 de Agosto de 1974, disse.
Por outro lado, na base daqueles dois princípios, expandiu a implantação das Células e
Comités do Movimento em todo o território nacional, ditada pela necessidade de dar a
esse Movimento a estrutura de um Partido, política e ideologicamente forte, e mais
selectivo.
José Eduardo dos Santos considerou que as lutas políticas regeneradoras do sistema
eram conduzidas dentro do mesmo Partido por uma outra corrente de opinião, resultando
daí a necessidade de renovação parcial dos órgãos de Direcção e a ascensão, por mérito,
aos escalões superiores dos quadros que demonstravam boas qualidades morais, políticas e
de liderança.
O Partido, asseverou, "não necessitava de disputar o poder político do Estado com qualquer
outra formação política".
As suas organizações de base, estruturas intermédias e de direcção e controlo, eram concebidas
para influenciar e fazer funcionar o sistema político e económico reinante, explicou.
Com o advento do multipartidarismo e a consagração, na Constituição da República, do
sistema político pluripartidário e da economia de livre iniciativa as condições históricas
mudaram radicalmente, segundo o Presidente do MPLA.
Também recordou que tendo em conta esta perspectiva, que é universal e não se limita
ao contexto nacional, o MPLA reassumiu em 1990 o seu carácter de Partido de Massas e
constata agora a necessidade de ajustar os seus princípios de organização e métodos de trabalho
à nova realidade.
"Não podemos continuar a viver à moda antiga numa situação completamente nova", sustentou
o presidente dos Santos.
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