Luanda, 06/12 - Lúcio Lara, uma das mais mediáticas figuras do MPLA, partido no poder em Angola, foi hoje homenageado pelo V congresso do MPLA, através de uma mensagem de louvor na qual se destaca as suas extraordinárias qualidades de resistência, firmeza e invulgar lucidez.

Joana Lina, delegada e membro da direcção que agora cessa o seu mandato, que procedeu a leitura do documento, referiu que Lúcio Barreto de Lara dedicou toda a sua vida à causa dos mais nobres ideais do MPLA.

A figura de Lúcio Lara está intrinsecamente ligada à história do MPLA, que ele ajudou a crescer e a transformar, volvidos que estão 47 anos da sua fundação, a 10 de Dezembro de 1956.

À seu pedido e devido à problemas com o seu estado de saúde, aquela personalidade, pediu o seu afastamento dos cargos de direcção e da vida política activa.

Lúcio Leite Barreto de Lara, um dos fundadores do MPLA, nasceu no Huambo, em 1929, onde fez os seus estudos primário e secundário. O universitário fê-lo em Lisboa e Coimbra, Portugal.

Iniciou as suas actividades patrióticas a partir de 1949 na "Casa dos Estudantes do Império", juntamente com o primeiro presidente de Angola, Agostinho Neto, com quem formou o primeiro núcleo clandestino antes da fundação do MPLA.

Co-fundador do MPLA em 1956, realizou várias missões no sentido de coordenar as actividades em Angola, Portugal e França.

Procurado pela PIDE, foge de Portugal em Março de 1959, passando sucessivamente pela Alemahã, aguardando possibilidade de se instalar em Accra (Ghana), mantendo aí contactos o centro de Libertação Africano.

Em Janeiro de 1959 chefia a delegação do MAC (depois FRAIN) à conferência Panafricana de Túnis, onde se consegue autorização para o MPLA e o PAIGC instalarem os primeiros escritórios no exterior na Guiné-Conakry.

Em Conakry, Accra, Rabat e Argel, participa em diferentes actividades relacionadas com a luta de libertação, tendo sido enviado a Brazaville para o contacto com Manuel Pedro Pacavira, enviado do presidente Neto, em Maio de 1960.

Esta viagem e esse encontro, permitiram alterar e estabelecer novas estratégias e unificar e divulgar junto da opinião pública internacional a existência do MPLA que se mantivera clandestino, mas que estava na base das várias organizações existentes até então.

Lúcio Lara participou a partir de então, em todos os actos de maior dimensão política que envolveram o MPLA, actual partido no poder. Entregou a faixa presidencial ao primeiro presidente de Angola, Agostinho Neto.

Em 1974, é eleito membro do Comité Central do MPLA na conferência Inter-regional Lundoji, tendo no mesmo ano participado na assinatura do cessar fogo com Portugal nas chanas de Lunyameje.

Igualmente em 1974, Lúcio Lara chefia a delegação que abre a primeira representação oficial do MPLA em Luanda, tendo posteriormente inaugurado outra delegação no Huambo, Bié e Namibe.

No dia 10 de Dezembro de 1977, é eleito membro do Comité Central do MPLA- Partido do Trabalho no primeiro Congresso deste partido, sendo posteriormente eleito membro do Bureau Político e do Secretariado do Comité Central para a organização.

Lúcio Lara chefiou e participou em várias delegações partidárias e países amigos para o reforço da solidariedade partidária. Em Março de 1986 foi eleito primeiro secretário da Assembleia do povo. (A primeira Assembleia Nacional da Angola independente).