Embaixada angolana na Rússia edita livro sobre etnias
Foto Angop/Arquivo |
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Embaixador angolano na Rússia, Roberto Leal Monteiro Ngongo |
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Luanda, 13/11- "Angola: Etnias e Nação" é a obra lançada Terça-feira no Instituto África da Academia de Ciências da Rússia, em Moscovo, pela embaixada de Angola, numa cerimónia presidida pelo embaixador Roberto Leal Monteiro "Ngongo", no âmbito do 28º aniversário da Independência Nacional, assinalado no dia 11 deste
mês.
A publicação é uma compilação de comunicações e intervenções de investigadores angolanos e russos apresentadas no colóquio científico organizado pela Embaixada de Angola na Rússia, em colaboração com o Instituto África, no quadro das jornadas comemorativas do 25 aniversário da Independência de Angola, realizadas no ano 2000.
Editado simultaneamente em português e russo, o livro aborda
reflexões sobre questões ligadas ao ensino das línguas nacionais
em Angola, a etnicidade, a literatura, o processo de integração
nacional, as perspectivas de desenvolvimento sócio-económico e
cultural do país.
O sociólogo Victor Kajibanga, a linguista Amélia Mingas, o
jurista e crítico literário Luís Kandjimbo e as historiadoras Rosa
Cruz e Silva e Luzia Milagre Pitra são alguns dos autores do livro.
Na sua comunicação, Amélia Mingas salienta que a sociedade
angolana é, na sua maioria, plurilinguística e pluri-étnica e que a
maioria dos angolanos tem línguas maternas que não mereceram
nem viram reconhecidas na sociedade colonial a sua identidade
e etinicidade.
A especialista alerta para a necessidade da preservação das línguas nacionais aprofundando a sua pesquisa e divulgação.
Para Luís Kandjimbo, "a nova historiografia literária angolana implica necessariamente uma descolonização epistemológica, tendo em vista a consolidação de um discurso negador da hibridez, da fronteira e da esquizofrenia do lusotropicalismo e
da crioulidade".
Rosa Cruz e Silva aprofundou o tema sobre o nacionalismo angolano no século XIX, sustentando a sua análise a partir de três importantes fontes daquela época, nomeadamente os periódicos "Farol do povo", "Tomate" e o "Desastre".
Por sua vez, o sociólogo Victor Kajibanga considera sempre importante ter-se em conta que o território que hoje se chama Angola encontra-se numa encruzilhada de civilizações e culturas milenares, onde se destacam "a dos caçadores e agricultores das grandes savanas da África Austral (antepassados dos actuais Lunda, Cokwe, Luena, Luvale) e dos criadores de gado bovino que se estende dos Grandes Lagos às zonas tropicais secas e desérticas da África Austral (Helelo, Nkhumi e Ambo), os
Ovimbundu (língua umbundu) e Ambundu (língua kimbundu)".
A historiadora Luzia Milagre Pitra, que há cerca de dois anos defendeu a sua tese de doutoramento no Instituto África da Academia de Ciências da Rússia, aborda os aspectos relacionados com o contexto da crise na região dos Grandes Lagos e a sua influência na África Austral.
A jornada comemorativa do 28 anos da independência
de Angola na Federação da Rússia, que teve início na
Terça-feira em Moscovo, com o lançamento desta obra
histórico-cultural, contou igualmente com uma exposição fotográfica de autores russos que durante vários anos trabalharam em Angola.
O programa distribuído à imprensa contempla ainda
um encontro de confraternização, no dia 14, entre o embaixador Roberto Leal Monteiro "Ngongo" e a comunidade angolana, estimada em cerca de 200 pessoas.
No dia 20, prevê-se a inauguração de uma exposição
de artes plásticas de António Gonga e Marcela Costa, sob
a designação "Gonga e Marcela: Vertentes Artísticas".
Um espectáculo músico-cultural e um recital de poesia fazem igualmente parte das jornadas.
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