Angola: 28 anos de luta e sacrifícios
Por Zola Mbenga "Véritas"
Luanda, 10/11 - Há 28 anos que, às zero horas do dia 11 de Novembro de 1975, o
Movimento popular de Libertação de Angola (MPLA), na voz do seu então presidente António Agostinho Neto,
proclamou perante a África e o Mundo a independência de Angola.
Nessa altura, um grupo de patriotas angolanos concentrado na ex-Praça "Primeiro de Maio" - actual Praça
da Independência - observava, comovido, um minuto de silêncio e rendia homenagem aos heróis tombados pela libertação da Pátria.
Como pano de fundo daquele momento de emoção, havia um cenário sinistro de troar de canhões a 12 quilómetros de distância, a norte da capital (Luanda), precisamente em Kifangondo, município de Cacuaco, onde
forças estrangeiras tentavam a todo custo impedir a proclamação da
independência.
Mas, o povo angolano conseguiu a sua libertação, 14 anos depois de uma luta armada iniciada em 1961.
A luta armada para a libertação do país do domínio colonial português eclodiu a 04 de Fevereiro de 1961,
com o memorável assalto às Cadeias de São Paulo e Casa de Reclusão, em Luanda, onde alguns nacionalistas se
encontravam encarcerados.
Desde aí, o povo angolano encetou uma guerra contra a autoridade colonial portuguesa, inicialmente através
da guerrilha, devido ao seu fraco poder bélico e a falta de apoio multiforme.
Com o desenvolvimento do processo e devido a forte ajuda internacional às milícias revolucionárias
angolanas, a luta pela independência alastrou-se a todo o território nacional, dando início a um conflito
armado que durou 14 anos.
Os acontecimentos ocorridos em Portugal a 25 de Abril de 1974, em que um grupo de oficiais derrubou o
regime fascista, influenciaram de forma positiva a derrocada do colonialismo nas ex-colónias portuguesas,
nomeadamente Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe.
É que no programa do Movimento das Forças Armadas (MFA) consagrava-se o direito dos povos desses países a
autodeterminação.
Contudo, a situação no território angolano era deveras conturbada, devido aos conflitos ocorridos entre a
população colonial branca e os nativos, o que teve como consequência o êxodo dos colonos e até de alguns
quadros nacionais para Portugal e
outros países.
O processo de independência começou a desenhar-se a 10 de Janeiro de 1975, quando teve início, no Alvor,
Algarve, uma cimeira em que participaram o governo português e representantes dos três movimentos angolanos de
libertação nacional, designadamente MPLA, FNLA e UNITA.
No dia 15 do mesmo mês, foram rubricados os Acordos de Alvor, que postulavam todo o processo de
independência e a constituição de um Governo de Transição composto por membros dos três movimentos, só que a
unidade entre os libertadores estava muito longe de ser atingida.
A 28 de Janeiro, ainda de 1975, o general português Silva Cardoso foi incumbido de exercer as funções de
Alto-Comissário para Angola, sendo simultaneamente o representante da República Portuguesa em Angola.
Esse governo tomou posse a 31 de Janeiro de 1975. Todavia, as rivalidades existentes entre o MPLA, a FNLA
e a UNITA agudizaram-se e a dois de Agosto do mesmo ano o governante luso abandonou Luanda, originando, como
consequência, a suspensão ipso-facto dos Acordos de Alvor.
Porém, foi mesmo neste ambiente de guerra que a 11 de Novembro Agostinho Neto proclamou a então República
Popular de Angola, hoje República de Angola, mas a guerra não acabou e o país mergulhou numa crise
político-militar profunda que durou pelo menos 27 anos (até 4 de Abril de 2002, data em que foi firmado o
Memorando de Entendimento Complementar ao Protocolo de Lusaka entre o Governo Angolano e UNITA, que pôs fim
ao conflito.
Agora, alcançada que está a paz, a luta é dirigida a estabilização económica, para tirar o país da grave
crise em que se encontra, consubstanciada na extrema pobreza da maioria da sua população, desemprego, falta de
infra-estruturas, sobretudo de fábricas, estradas, pontes, escolas, hospitais, etc.
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