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Foto Angop |
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Relançamento da produção Industrial em Angola continua a ser marcado por passos tímidos |
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Por António Atuvua
Luanda, 08/11 - O relançamento da produção Industrial em
Angola continua a ser marcado por passos tímidos, mas seguros, devido a
escassez de recursos financeiros para a reabilitação das infra-estruturas
básicas ligadas as redes energéticas, rodoviárias, aeroportuárias,
ferroviárias e das telecomunicações.
O Ministério da Indústria tem vindo a ensaiar, nos últimos anos,
modelos estratégicos para o relançamento da actividade, mas o grande
entrave para a materialização dos seus intentos persiste na falta de verbas
para implementar os sucessivos programas que vem concebendo.
Atesta ao facto a implementação da estratégia de reindustrialização,
delineada nos últimos dois anos, cuja materialização continua a depender
pela disponibilização de recursos, no âmbito do Programa de Investimentos
Públicos (PIP).
Apesar destes factores, o Governo continua a envidar esforços para materializar este ambicioso plano, tido como base de orientação para o desenvolvimento dos futuros programas, projectos e acções que visam a
execução da política industrial governamental.
Tal como qualquer estratégia de desenvolvimento industrial, ela tem como objectivo último contribuir para o progresso social, económico e sustentado do país e, pressupõe a optimização da dimensão e do
aproveitamento dos recursos naturais em todos os campos da actividade
económica.
A Estratégia de Reindustrialização de Angola foi estruturada com base
no modelo de indução da reestruturação e reorganização, crescimento
acelerado e criação da competitividade da Industria nacional.
Para a sua materialização exitosa, os órgãos competentes estão a
proceder actualmente recolha de pareceres dos diversos órgãos da
administração do Estado, de modo a obter-se uma grande percentagem de
consenso.
Entre os passos, embora tímidos, que estão a ser dados, figuram a adopção de uma Estratégia integrada de relançamento do sub-sector do Ferro e Manganes e da Indústria Siderúrgica e o Programa Estratégico de
Desenvolvimento da Agro-Indústria.
Os estudos dos programas, com as comissões integradas pelos
técnicos dos ministérios da Indústria, Geologia e Minas e da Agricultura e
do Desenvolvimento Rural, já estão concluídos e o sua implementação
poderá acontecer nos próximos meses.
No capítulo da promoção industrial, o órgão de tutela seleccionou,
nos últimos cinco anos, as províncias de Luanda, Benguela, Cabinda, Huíla
e Huambo para a instalação de Polos de Desenvolvimento Industrial, mas
a materialização continua adiada por diversas razões.
Actualmente, apenas três províncias registam sinais de instalação destes
Polos, nomeadamente Luanda, Benguela e Cabinda, estando as restantes
seleccionadas a espera de oportunidades.
As obras do Polo de Desenvolvimento Industrial de Viana (Luanda)
encontram-se paralisadas. Para a conclusão da primeira fase, falta a abertura
de arruamentos e passeios, demarcação de lotes e implantação de redes de
aguas residuais, pluviais, domesticas e industriais, bem como a construção
de dois reservatórios subterrâneos, sendo um de 500 metros cúbicos e
outro de dez mil metros.
No âmbito da comissão mista Angola-Portugal, foi recentemente
assinado um acordo com aquele pais para a electrificação do Polo de Viana,
a ser executada por uma empresa portuguesa, um projecto avaliado em
1.683.500.00 dólares, devendo Angola comparticipar com 230 mil dólares.
Quanto ao Polo de Futila (Cabinda), o estudo de viabilidade efectuado
em 1997 por consultores internacionais e que contou com a participação do
Banco Mundial, interessado no financiamento do Estudo de Impacto
Ambiental, revelou haver interesse que justificasse a sua instalação, numa
extensão de cerca de 2.345 hectares.
Porem, o inicio dos trabalhos continuam, também, a depender da
disponibilização e angariamento de verbas. A criação do Polo de Futila
teve como objectivo principal a utilização do gás natural para a produção de
energia e combustível nas várias unidades industriais.
O Polo da Catumbela (Benguela), além da conclusão do estudo de viabilidade, a Sociedade conta, ate ao momento, com a planta síntese de
loteamento da primeira fase, que inclui a divisão em lotes de 5.000 metros
quadrados, sendo 70 lotes para armazém, 74, 32 e 52 lotes, respectivamente
para industrias ligeiras de pequena, media e de grande dimensão.
Está também em curso um projecto com a Organização das Nações
Unidas para o Desenvolvimento Industrial (Onudi), que consiste no fomento
da Industria Alimentar.
O projecto tem como objectivo a criação de capacidade nacional, através
do desenvolvimento de habilidades para o reforço da competitividade e
criação de emprego e destina-se a apoiar o País nos esforços de
recuperação e reabilitação da Indústria alimentar e ao desenvolvimento do
sector privado.
Em termos específicos, o programa pretende contribuir para o estabelecimento de um sistema de protecção alimentar fiável, incluindo a
inspecção alimentar e controlo da qualidade, fortalecimento e desenvolvimento
da infra-estrutura de Normalização e Metrologia, Gestão e Garantia da
Qualidade com base na norma Iso 9.000.
No tocante a Legislação Industrial, o Governo já aprovou vários
diplomas, que ao serem materializados vão certamente contribuir e facilitar o
relançamento do sector produtivo, em geral, e da Indústria, em particular, a
curto, médio e longo prazos.
Entre os diplomas aprovados, figuram os projectos da Lei de bases
das Actividades Industriais, sobre o Licenciamento Industrial e o projecto
de resolução da Assinatura do Protocolo sobre a aquisição de produtos da
Industria, Agricultura e Pescas para o fornecimento as Forças Armadas e
da Ordem Interna.
Os projectos de decretos do pacote Legislativo sobre os Polos de
Luanda, Cabinda e Benguela e que aprovam as privatizações de algumas
unidades industriais, como a Cometa, Cuca, Ngola, Nocal, Eka, Mabor,
Enepa e Entex, são, entre outros, diplomas aprovados no ambito do
relançamento da Indústria.
Enquanto se aguarda pela disponibilização de verbas, algumas produções vão se realizando por iniciativas da classe empresarial privada, com destaque para os sectores Alimentar, Bebidas, Confecções de Vestuário, Embalagens de Cartão, Metal, Maquinas e Equipamentos e, da Indústria Química.
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