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Por: Pedro da Ressurreição <
Luanda, 20/08 - Em representação do país, Luanda recebe ao fim
da tarde de hoje a selecção de ouro africana que no Afrobasket de Alexandria 2003 cimentou a supremacia do basquetebol angolano no continente e impôs a necessidade de reflexão urgente sobre o futuro da modalidade nesta região do planeta.
As manifestações de júbilo - que iniciaram ainda antes do apito final
do encontro da final diante da Nigéria (85-65) - conhecerão hoje a sua
expressão máxima durante a passeata automóvel reservada aos
hepta-campeões de África.
Contudo, será exigido, quer da população na sua homenagem aos
multi-campeões quer dos discursos das entidades competentes, criatividade
bastante para não cair na rotina.
Sete títulos nas últimas oito edições do principal campeonato de
basquetebol em África, quatro presenças consecutivas em Jogos Olímpicos
e outras tantas em Mundiais nos últimos tempos e ainda a melhor classificação
do continente em "mundiais" tornam a selecção de Angola numa soberana da
"bola ao cesto" por estas paragens e uma equipa de nível mundial.
Mas também criam uma certa monotonia, perniciosa para quem pretende
continuar a hegemonia, principalmente depois das fragilidades
competitivas constatadas nos principais adversários no decurso da
prova egípcia.
As convincentes vitórias sobre os seus três concorrentes ao ceptro
na 22ª edição do Afrobasket impõem ao corpo directivo da federação e à
sua área técnica uma outra perspectiva futura.
O combinado nacional não precisou de estar ao seu melhor nível para
garantir sucessivos triunfos até ao lugar mais alto do pódio. A estreia
contra o Senegal (73-60) foi uma partida onde, não obstante o potencial
físico-atlético do oponente, quem criou mais dificuldades à turma de
Mário Palma foi a falta de forma desportiva de alguns jogadores-chave.
De resto, a história repetiu-se nos outros dois "únicos" jogos a
sério nesta competição que acabou por ser mais fácil do que se esperava
pelos factores envolventes, nomeadamente o factor casa e a aliciante
do apuramento aos Jogos de Verão.
Tal como diante dos senegaleses, em que foi o melhor marcador e
claramente o atleta mais destacado do conjunto, o veterano Jean
Jacques da Conceição voltou "a dar cartas" naquela que foi considerada
por unanimidade a final antecipada, contra os anfitriões Egipto (82-68).
Também na partida da consagração - sobre a qual todos os adeptos
angolanos vaticinaram vitória clara apesar da fortaleza somática dos
nigerianos e as suas origens (campeonatos em que militam) - Jacques,
aos 39 anos, salientou a sua experiência e maturidade.
Enfim, o jogador acabou por ser o líder que se esperava e tornou o
sétimo título mais fácil, não pela diferença de 20 pontos na final,
mas sobretudo pela impotência da concorrência diante da eficácia
defensiva do plantel de Mário Palma.
Aliada à defesa praticamente imbatível, esteve uma saída rápida para
o ataque que desgastou os jogadores adversários - muito mais altos e
pesados e por conseguinte mais lentos.
A coabitação do tradicional capacidade de lançamentos exteriores com
a novidade do jogo interior onde pontificaram além de Jacques e Ângelo
o recém-naturalizado Abdel Boukar.
É Nesta maré de facilidades que hoje os luandenses recebem com júbilo
a selecção mais ganhadora do desporto nacional. Entrementes, a renovação
de áreas chave em tempo recorde, nomeadamente a capacidade de se
conseguir um substituto de Jean Jacques, sem haver necessidade de deixar
a senda de vitórias.
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