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Por Pedro da Ressurreição
Luanda, 07/08 - O duplo interesse que envolve a 22ª edição do
Campeonato Africano de Basquetebol sénior masculino, que hoje se inicia no Egipto,
aumenta o número de adversários da selecção de Angola, unanimemente considerada a
principal favorita ao título.
A partir de hoje e até ao próximo dia 16, joga-se, em Alexandria, o título
continental e, em consequência, a única vaga de África para os Jogos Olímpicos de verão, Atenas 2004.
Na quadra estarão a tentativa de reerguer o gigante Egipto, que empreende há
cerca de duas décadas uma verdadeira travessia num deserto sem títulos; a materialização
do potencial nigeriano há muito à espreita; e a persistência senegalesa.
É neste cenário - e mais as surpresas do tipo Argélia - que a selecção nacional terá
de tentar manter incólume a sua soberania em África e o título de principal embaixadora
do continente.
Angola é detentora de seis campeonatos de África em sete edições do
Afrobasket (1989, 1991, 1993, 1995, 1999 e 2001), três jogos olímpicos
consecutivos (Barcelona-92, Atlanta-96 e Sidney-2000) e quatro presenças em campeonatos
do mundo (Espanha-86, Argentina-90, Canadá-94 e EUA-2002).
A formação dirigida por Mário Palma tem ainda o título de melhor selecção de
África num mundial, ao ocupar o 11º posto em Indianapolis-2002.
O conjunto que vai defender o trofeu continental é maioritariamente formado
por jogadores do campeão africano de clubes, o 1º de Agosto, onde alinham os dois
MVP da actualidade. O base Miguel Lutonda foi eleito o melhor jogador do Afrobasket-2001
em Marrocos, e o poste Abdel Boukar mereceu igual distinção durante a taça de África
dos clubes campeões Luanda-2002.
Estas são as armas com que Angola se apresenta em Alexandria. O seu principal
adversário é o conjunto anfitrião que organiza esta edição para tentar quebrar um jejum
que vigora desde 1983, altura que arrebatou pela última vez o trofeu, o 5º da sua história,
precisamente nesta cidade.
Desde então tem travado uma luta titânica mas inglória, conformando-se com quatro
medalhas de prata e três de bronze. O factor casa e a memória do longínquo triunfo
constituirão o "maná" para os anfitriões.
O Senegal, cinco vezes campeão, coloca-se na segunda linha de adversidade com o
seu plantel dominado por atletas que militam em universidades norte-americanas. Teve o mérito
de interromper em 1997, o ciclo vitorioso dos angolanos. Prepara-se para apagar o
humilhante sétimo lugar da edição passada. Para tal, recorreu a jogadores da
NCAA.
A Nigéria, ainda à procura da sua primeira medalha de ouro continental depois de ter
sido a finalista vencida na penúltima edição, Afrobasket-99, realizada em Luanda. Desta, pretenderá dar corpo ao
ditado "a terceira foi de vez". Mas para tal, terão de juntar à sua imponente corpulência
alguma disciplina táctica e trabalho de grupo, carências que lhes mantém fora do lugar
mais alto do pódio.
A Argélia, vice-campeã e a Tunísia (4ª), RCA (duas vezes campeão), Marrocos (1)
formarão a "segunda" divisão deste 22º Afrobasket. Já o Mali, Moçambique, África do Sul e o
Madagáscar vão animar a cimeira da bola ao cesto continental.
O formato e o calendário desta competição constitui motivação suplementar, já que
colocará Egipto, Nigéria e Argélia a disputarem dois lugares nas meias-finais.
Por outro lado, a possibilidade de marcar presença nos Jogos Olímpicos de Atenas
no próximo ano vai aumentar o engodo em Alexandria, que recebe a prova pela quarta vez.
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