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Luanda, 06/08 - A selecção de Angola transformou em abundância a carência que tinha na área de postes, de tal forma que o técnico Mário Palma se deu ao luxo de excluir da equipa para o Afrobasket 2003 dois jogadores deste sector.
Foram "cortados", com alguma surpresa, os postes Justino "Puna" Victoriano (2, 02 metros - 100 kg) e Eduardo Mingas (1,96 m e 105 kg), que se juntam aos previsíveis Cristóvão Swingue (base) Wilson da Mata e Olímpio Cipriano (extremos).
Uma das principais fragilidades da selecção nacional de sempre tem sido a estatura dos seus integrantes em relação aos seus adversários. Para esta edição do Campeonato Africano sénior masculino de Basquetebol, que se disputa entre sete e 16 de Agosto, em Alexandria (Egipto), porém conseguiu reunir os seis melhores postes do país.
Mas como não podem ir todos a Alexandria, o seleccionador nacional, pelo que se pode perceber da lista dos 12 recentemente eleitos, privilegiou a "versatilidade", ou seja, escolheu
atletas capazes de executar mais de uma posição em campo.
São líderes desta qualidade os veteranos Jean Jacques (Portugal Telecom), 39 anos, e Ângelo
Victoriano (1º de Agosto), 35 anos. Estes dois totalistas dos seis títulos africanos conquistados por
Angola realizam com mediana eficiência quase todas posições (excepto a de distribuidor),
quer nos seus clubes quer na selecção nacional.
O trio Afonso Silva, Edmar Baduna Victoriano e Gerson Monteiro aglutinam as
especialidades de lançadores e ainda de ressaltadores, mas também sabem distribuir.
Joaquim Gomes "Kikas" e Victor Muzadi cumprem um processo de adaptação que já leva
cerca de três anos. Ambos estão familiarizados quer com as funções do jogo interior quer
com as de lançadores.
Miguel Lutonda (MVP do africano 2001), Walter Costa e Carlos Almeida adicionam grande eficiência nos lançamentos de três pontos à sua capacidade de armadores - dominando
perfeitamente as posições "um" e "dois".
Dentre os 12 favoritos de Mário Palma está também Victor Carvalho, cuja única característica é ser o maior especialista dos lançamentos triplos do país, que embora muito aquém do seu melhor a sua vasta experiência em competições do género será um grande contributo ao cinco
angolano.
Abdel Boukar também só tem uma "profissão": ressaltador. Porém, a sua história recente garantiu-lhe praticamente uma vaga para o Afrobasket. Cerca de dois anos depois viu em Junho passado concluir-se o seu processo de naturalização.
Por tudo isso, terá levado vantagem em relação aos excluídos Puna e Mingas, que disputavam
a mesma posição; não haveria a Federação Nacional de se bater pelo atleta, pagar-lhes um estágio em Espanha - como de resto aconteceu em 2001 - e depois dispensá-lo.
Puna, jogador da Universidade de UTEP dos EUA, obteve na última época a melhor percentagem em ressaltos da sua equipa (8,5 ressaltos por jogo), que constitui a média mais
alta da actual selecção de Angola.
Eduardo Mingas, a principal figura do Interclube de Angola, foi o segundo melhor jogador
da época regular nacional, a nove pontos do base Miguel Lutonda, declarado MVP do campeonato angolano.
A "estrela" da formação da polícia esteve de facto em evidência no nacional, ao vencer os
concursos de ressaltos, recuperações, dois pontos e foi o melhor marcador da prova. Esteve
também em relevo no mundial de Indianapolis e sobretudo no triunfo no Zonal VI de Maputo qualificativo aos Jogos Panafricanos Abuja 2003.
Entretanto, qualquer um deles é apenas ressaltador e nem a sua já considerável experiência em competições deste nível e a época em grande evitaram a exclusão da prova que pode levar
o país ao quarto torneio olímpico consecutivo, privilégio reservado ao primeiro classificado
do Afrobasket que arranca dentro de nove dias em terras egípcias.
Por Pedro da Ressurreição
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