SADC: Estados membros deverão revitalizar suas economias
Luanda, 11/03 - A maioria dos Estados da Comunidade de
Desenvolvimento da África Austral (SADC) deverá redinamizar as suas
economias para, a breve trecho, poderem competir com os mais fortes da
região, principalmente com a África do Sul que actualmente domina quase
totalidade do comércio inter-regional.
Este facto ficou patente após a reunião do Conselho de Ministros da
SADC, realizada em Luanda, nos dias 9 e dez deste mês, onde as Ilhas
Seychelles estiveram ausentes por falta de pagamento das suas
contribuições para com a organização.
O Congo Democrático, apesar de estar presente, não teve direito a
palavra nem de apresentar os seus projectos, devido à falta de pagamento
de uma parte das suas quotas.
Para minimizar o desequilíbrio entre os países economicamente mais
avançados e os mais debilitados, a SADC criou um Comité Integrado de
ministros que vai permitir um funcionamento mais célere, organizado e
actuante dos estados membros da comunidade, sobretudo na resolução
dos problemas candentes.
Esta nova estrutura permitirá a implementação organizada de
programas regionais, pois foram criadas quatro direcções encarregues
de reestruturar o funcionamento do organismo.
O comité ora criado vai orientar, coordenar e harmonizar as
políticas deste órgão regional, bem como velar pelas relações entre
os estados membros.
Os participantes ao encontro reconheceram que as dificuldades
financeiras, a falta de espaço e de quadros especializados para preencher as
direcções que foram recentemente criadas estão a retardar a conclusão do
processo de reestruturação da instituição regional africana.
O exercício de reformulação da SADC, iniciado em 2001, não vai
terminar este ano como se previa, porque os estudos fundamentais para
a conclusão desse processo encontram-se inacabados.
Estes constrangimentos vão adiar por mais algum tempo o programa
de integração regional da organização.
A criação do Comité Integrado da SADC trará, segundo responsáveis
angolanos, resultados benéficos ao sector de energia e águas de Angola,
sobretudo na implementação dos programas de interligação energética
entre os estados membros da região.
Na região, cerca de cinco estados estão já interligados a nível
de energia e Angola precisa somente de fazê-lo a Oeste, que vai
ligar o Botswana, Congo Democrático, Namíbia e África do sul, um
processo que vai permitir aos países africanos do Leste beneficiarem-se
da energia proveniente da zona Austral do continente.
A integração regional vai igualmente propiciar a criação de condições
produtivas e de crescimento agrícola, a conservação e procriação do gado
bovino, no sul de Angola.
Permitirá também o aumento da produção do algodão que, dentre
outras, constituem as prioridades do sector agrícola nacional para os
próximos anos, com vista a atrair investimentos do empresariado da região
Austral do continente.
Entretanto, há necessidade do país criar condições nos vários domínios
do sector agrícola, por forma a que se possa desenvolver um comércio
forte e capaz de responder as exigências do mercado regional e de outras
partes do mundo.
Técnicos do sector da indústria angolana garantiram que os bens dessa
área poderão competir, dentro de oito anos, com os dos outros países da
região austral.
Os responsáveis angolanos reafirmaram ainda que o país está a cumprir
com as suas obrigações financeiras e têm executado as orientações saídas
da última cimeira de Chefes de Estado, realizada em Outubro de 2002, em
Luanda.
Neste momento Angola está engajada, a nível nacional, no programa
de luta contra a Sida e outras endemias como a malária, a doença do sono,
as diarreicas e a tuberculose.
Na suas conclusões finais, a SADC definiu o combate a pobreza e as
grandes endemias, a segurança alimentar, a reabilitação e construção de
infraestruturas económicas na região, como as principais prioridades
adoptadas na reunião de Luanda.
O fórum avaliou o processo de reestruturação e adoptou o relatório do
comité de revisão, assim como o programa indicativo estratégico de
desenvolvimento regional.
O estado de cooperação entre a SADC e os seu principais
parceiros e os preparativos para a conferência regional sobre o
Hiv/Sida, a realizar-se em Maio, no Lesotho, mereceram igualmente a
atenção dos ministros da organização regional.
O conselho manifestou a sua satisfação pelo trabalho efectuado
pelo presidente da SADC, José Eduardo dos Santos, e pelo responsável
do Órgão de Defesa e Segurança da instituição africana.
Nesta reunião, o Conselho de Ministros aprovou o seu
regulamento interno e discutiu o projecto do programa estratégico de
desenvolvimento da região que foi considerado um documento de base
importante e satisfatório.
Este órgão adoptou uma recomendação da reunião integrada de
ministros, cujo documento deverá circular pelos estados membros para
ser consultado pelas instituições da sociedade civil e o sector privado.
O conselho abordou a necessidade da constituição de um fundo
de desenvolvimento, por forma a não depender unicamente dos
financiamentos externos.
Durante dez dias, foram realizadas reuniões técnicas e de
peritos que prepararam o encontro integrado de ministros, a reunião
do comité de finanças e o próximo encontro do conselho de ministros.
A avaliação do orçamento das várias instituições, a quotização dos
países membros, os mecanismos de funcionamento tributário e do
secretariado da organização preencheram igualmente a agenda de
trabalhos dos peritos e ministros da SADC.
Os especialistas alertaram para o facto de pelo menos 15,2 milhões
de pessoas da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral carecerem de assistência alimentar, no total de 1,6 milhões de toneladas,
até ao fim deste mês.
Segundo as mesmas pessoas, embora o apelo conjunto SADC/Nações
Unidas esteja avaliado em 611 milhões de dólares, lançado em Julho de
2002, tenha sido financiado na sua totalidade pelos doadores, as
necessidades não alimentares têm um défice de cerca de 70 por cento.
Para o efeito, os participantes à reunião da SADC, realizada em Luanda,
apelaram à comunidade internacional para financiar as necessidades não
alimentares e sublinharam que os estados membros afectados estão a tratar
o problema da fraca produtividade e produção agrícola através da adopção
do aumento de verbas para o sector da agricultura.
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